Até esta semana, Ivanka Trump era a única filha de Donald Trump a quem os media davam atenção política: inteligente e controversa, Ivanka tem tido um papel muito ativo na administração do pai, de que faz oficialmente parte (tal como o marido). Mas surgiu um novo Trump na equação: Donald Trump Jr., o empresário que ficou a gerir as empresas do pai, viu-se de repente envolvido no escândalo das interferências russas nas eleições norte-americanas. E reagiu à boa maneira do pai: através do Twitter e mostrando grande raiva para com os meios de comunicação.

Trump Jr. diz que não avisou pai da reunião. “Não havia nada para contar”

Acusado pela imprensa de se ter reunido com uma advogada com relações com o Kremlin durante a campanha eleitoral do pai, “Donny”, como é conhecido pelos amigos, decidiu antecipar-se e publicar, no seu Twitter, os emails que comprovam a polémica reunião. E, mais importante, que demonstram que Trump Jr. foi para a reunião precisamente em busca de informações comprometedoras sobre Hillary Clinton. “Se for o que dizes que é, adoro”, respondeu o filho de Trump quando foi informado pelo publicitário Rob Goldstone da existência dessas informações.

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Em poucas horas, Donald Trump Jr., a que o El País chamao filho mais bronco de Trump“, viu-se envolvido na polémica que ninguém parece conseguir parar. O próprio Trump interveio, para defender a transparência do filho, mas não há como fugir a mais um episódio da trama russa.

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Mas quem é, afinal, Trump Jr.?

Com apenas 39 anos, é responsável, juntamente com o seu irmão Eric, pelo império familiar dos Trump. Os dois têm de gerir uma fortuna de mais de 3.200 milhões de euros, depois de ter crescido e vivido toda a sua vida no meio dos negócios do pai. Antes de assumir a liderança, para permitir que Trump tomasse posse como presidente dos EUA, Donny foi vice-presidente executivo da organização do pai, que idolatra — o discurso que fez na convenção republicana, há precisamente um ano, foi uma ode paterna. “Sou filho de um grande homem”, afirmou.

Mas na verdade, o amor pelo pai não foi sempre como é hoje: quando Trump se divorciou da sua mãe, a checa Ivana Trump, o filho mais velho do casal tinha 12 anos. Mais tarde, numa entrevista à revista New York citada pelo El País, acusou o pai de não se ter preocupado com ele e com os irmãos. “Como podes dizer que nos amas? Não nos amas, nem sequer a ti próprio. Só amas o teu dinheiro“, acusava Trump Jr.

Com a entrada de Donny nas empresas do pai, a relação entre ambos foi melhorando: em poucos anos, chegou ao topo. Em 2005, casou-se na mansão da família em Mar-a-Lago, na Flórida, com a modelo Vanessa Haydon e desde então tem-se dedicado aos negócios da família. Desde que o pai arrancou a campanha presidencial, começou a expressar cada vez mais as suas posições políticas, ainda que discretamente — o ano passado, chegou a sugerir que gostava de concorrer à câmara de Nova Iorque contra o atual mayor, o democrata Bill de Blasio. Mas o pai refutou logo a hipótese, dizendo em público que tal não ia acontecer.

Tal como o pai, Donny tornou-se incendiário no Twitter. Ainda mais do que o pai, na verdade. Depois de Donald Trump ter partilhado um vídeo em que aparece a espancar um homem com um logótipo da CNN na cabeça, o filho partilhou um ainda mais forte, em que o presidente dos EUA aparece a largar mísseis em cima da estação televisiva. “Um dos melhores que já vi”, escreveu Trump Jr. no Twitter. O jornal espanhol resume o perfil de Donny: um escudeiro de Trump que “clonou ideologicamente” o pai — até no tipo de polémicas em que se envolve.

https://twitter.com/OldRowOfficial/status/883734223034732544