Mais dois senadores republicanos mostraram-se contra a proposta legislativa do Partido Republicano que pretende desmantelar o programa de assistência na saúde conhecido por Obamacare. Com o anúncio feito esta segunda-feira pelos senadores do Utah, Mike Lee, e do Kansas, Jerry Moran, são já quatro os republicanos que se vão opor ao pacote legislativo promovido pelo Presidente, comprometendo a concretização de uma das principais bandeiras da campanha de Donald Trump.

Ainda assim, o líder da maioria republicana, Mitch McConnell, anunciou que o Senado vai votar simplesmente a revogação do programa de saúde aprovado pelo Presidente Barak Obama, sem apresentar um plano alternativo. “Infelizmente, parece agora evidente que o esforço para revogar e substituir imediatamente o Obamacare não vai ter sucesso”, disse Mitch McConnell. Também Donald Trump mostrou ser favorável a uma posição de força para revogar já o programa de saúde do seu antecessor.

Os republicanos têm uma maioria de 52 contra 48 votos no senado, que fica sem efeito com a oposição de quatro senadores à proposta legislativa que foi já aprovada em maio no Congresso.

Um dos senadores rebeldes explicou em comunicado a sua oposição à proposta para desmantelar o Obamacare, apesar das reservas que continua a ter em relação a este programa.

“Existem graves problemas com o Obamacare, e o meu objetivo continua a ser o mesmo: revogá-lo e substitui-lo. Para além de não eliminar todas as taxas criadas pelo Obamacare, a lei não vai suficientemente longe na descida dos prémios dos seguros de saúde para as famílias de classe média. E também não se distancia o suficiente das regulações mais caras do Obamacare”.

O testemunho de Jerry Moran mostra como o fim do Obamacare, um objetivo em si consensual no Partido Republicano, acaba por dividir conservadores e moderados. Os primeiros querem ver o programa erradicado e consideram que a proposta de Trump não vai tão longe quanto seria necessário. Os segundos estão preocupados com os efeitos que a medida teria nos americanos mais vulneráveis.

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Perante o impasse, restam duas alternativas aos republicanos, de acordo com o New York Times. Podem tentar reformular a lei, de forma a conquistar os 50 votos necessários dos senadores republicanos, o que é visto como quase impossível face às queixas que têm vindo a ser apresentadas. Ou podem trabalhar com os democratas numa medida mais restritiva que permita corrigir as falhas ao programa que ambos os partidos reconhecem existir.

Para já, o caminho escolhido parece ser o de avançar já com a votação do fim do Obamacare, sem apresentar uma alternativa. No entanto, esta proposta terá poucas hipótese de passar, uma vez que deixaria milhões de americanos sem cobertura de saúde e o mercado segurador em tumulto.

O Affordable Care Act de Barak Obama procurou assegurar, com apoio financeiro do Estado, a assistência na saúde aos americanos que não tinham seguro de saúde, normalmente pago pelos empregadores, e que estavam excluídos dos planos para os mais pobres.

Porque é que o Obamacare divide tanto os americanos?