Foi condenada a seis anos e meio de prisão a mulher britânica que enganou outra mulher ao fazer-se passar por homem. Gayle Newland foi acusada de abuso sexual e de ter prejudicado a empresa para onde trabalhava.

Gayle fazia-se passar por “Kye Fortune”, um homem de nacionalidade meia latina, meia filipina, segundo o The Telegraph. Criou o perfil de Facebook com apenas 15 anos, onde partilhava fotos e vídeos, com o objetivo de se tornar mais credível. O disfarce foi mantido durante dois anos. Durante os crimes, usava um pénis falso (o chamado strap-on) sem o conhecimento da vítima e pedia-lhe para colocar uma venda nos olhos durante a relação sexual.

O tribunal condenou-a a seis anos por três crimes de abuso sexual. Foi condenada a mais seis meses por ter prejudicado a empresa de publicidade para onde trabalhava, ao criar 10 perfis falsos entre 2014 e 2015. Na sentença, o juiz considerou a situação surpreendente “tão surpreendente como profundamente perturbadora”, escreve a BBC.

A mulher tinha sido condenada inicialmente a oito anos de prisão em novembro de 2015, quando foi acusada dos mesmos crimes. A pena acabou por ser anulada depois de o julgamento ter sido considerado injusto e desequilibrado.

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Durante o julgamento, a vítima, que testemunhou atrás de uma cortina, disse ao juiz ter sido persuadida a colocar uma venda durante as 15 vezes que se encontraram para ter relações. Confessou, depois, só ter percebido que se tratava de uma mulher quando retirou a venda e acrescentou que nunca teria consentido ter sexo com Gayle se soubesse que se tratava de uma mulher.

A vítima também disse que vendava os olhos durante alguns encontros que teve com Gayle, onde se incluiam atividades como ver televisão ou dar passeios de carro. Nas declarações feitas em tribunal, a vítima confessou que nunca imaginou estar a lidar com uma mulher e que só colocava a venda porque o “falso Kye” estava “emocionalmente vulnerável” por alegar estar a lutar contra um cancro e, por este motivo, ter complexos em relação à sua aparência física.

Em tribunal, Gayle disse não ter remorsos do que tinha feito. Ainda negou ter escondido o género e alegou que, tanto ela como a companheira, eram homossexuais e tinham complexos com a sua sexualidade.