Um grupo de investigadores do Instituto de Neurociências de Alicante publicou um trabalho onde explica o processo de formação do ser humano e o motivo pelo qual o coração está do lado esquerdo do corpo. O artigo, que surge na revista científica Nature, garante que no início do desenvolvimento embrionário os órgãos aparecem centrados, ao meio do corpo — se em alguns invertebrados esse é o local que ocupam já na vida adulta dos animais, em vertebrados como os seres humanos ocorre um sistema mais complexo, que leva os órgãos a ocupar lugares diferentes no corpo, incluindo o coração à esquerda e o fígado à direita.

Os investigadores espanhóis, que estudam a mobilidade das células há 25 anos, descobriram que o coração fica à esquerda devido a uma espécie de empurrão, escreve o ABC. “Nos primórdios da formação do coração (as primeiras estruturas do órgão, uma espécie de tubo), células precursoras chegam dos dois lados do embrião até ao centro, mas são incorporadas muito mais células do lado esquerdo, o que desloca o polo inferior do coração para a esquerda”, explica a investigadora Ángela Nieto. Isto é, durante o processo embrionário uma série de genes empurra o órgão para a esquerda.

Experiências feitas com embriões de frangos, peixes-zebra e ratos comprovam que o mesmo sucede nestes animais, razão pela qual os investigadores acreditam que tal mecanismo seja aplicável a todos os vertebrados, humanos incluídos. Mais, quando os investigadores anularam a função de genes chamados Snail e Prrx, o coração ficava no centro — isto aconteceu nas três espécies em causa e diz respeito a uma anomalia congénita de nome mesocardia.

É muito importante que o coração esteja no lugar certo, garantem os investigadores, para que este se conecte de forma adequada às veias e às artérias.

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