O ex-presidente do Governo regional catalão Artur Mas afirmou esta quarta-feira que a Catalunha pretende “ir em frente” com a realização do referendo sobre a sua independência a 1 de outubro, apesar da suspensão pelo Tribunal Constitucional espanhol.

“Vim explicar que estamos absolutamente decididos a ir em frente“, disse Artur Mas em Londres, antes de proferir uma conferência numa sala de comissões da Câmara dos Lordes, a convite do Centro para a Resolução de Conflitos Persistentes (CRIC, na sigla inglesa), presidido pelo liberal-democrata John Alderdice.

Instado a pronunciar-se sobre o reconhecimento do referendo pela comunidade internacional, respondeu: “Depende do resultado”. “Se a participação for boa e o resultado for claro, será de uma maneira. Se, por qualquer razão, isso não suceder assim, então, provavelmente, será de outra”, declarou o ex-dirigente catalão num encontro com a imprensa na sede do Clube Nacional Liberal, no centro da capital britânica.

Fizeram-se muitos referendos de autodeterminação no mundo nos últimos 20 ou 25 anos, penso que mais de 50, e desses 50, foram reconhecidos 27 países. E muitos desses referendos não tinham sido negociados com o Estado central”, argumentou.

O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, pediu aos cidadãos catalães que forem convocados para integrar uma mesa de voto no dia 1 de outubro que não cumpram essa convocatória para participar numa consulta “manifestamente ilegal”. Por seu lado, o Ministério Público ordenou às forças de segurança que atuem perante qualquer ato levado a cabo por autoridades, funcionários públicos ou “particulares em conivência com aqueles” destinado a realizar o “referendo de autodeterminação ilegal”.

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Referendo na Catalunha: é proibido, mas pode acontecer?

Inquirido sobre o cenário político que surgirá na Catalunha depois de 1 de outubro, Artur Mas advertiu que, com o referendo, “se pode ganhar a independência, mas construí-la não é uma questão de dois dias”. “A independência ganha-se ou perde-se a 1 de outubro, pelo menos neste momento em que estamos. Dentro de algum tempo, logo se verá”, comentou.

A partir daqui, se se ganhar a independência, então, é preciso construir, e isso passa logo por propor diálogo e negociação a todas as partes interessadas. Sempre dissemos que a independência da Catalunha, no caso de se poder construir, como eu espero, não tem que se impor”, acrescentou.

O ex-presidente do governo regional catalão admitiu que “a questão catalã não é uma questão fácil de resolver no contexto europeu e internacional” e acrescentou: “Estão à espera de ver de que são capazes os catalães”. Ao comparar a situação na Catalunha e na Escócia, Mas salientou que “o Reino Unido entendeu perfeitamente o que tinha que fazer na Escócia quando viu que havia um parlamento com maioria absoluta, tal como na Catalunha, a favor de um referendo”.