O produtor de cinema norte-americano Harvey Weinstein, de 65 anos, também está a ser investigado em Inglaterra por alegados crimes sexuais. A Scotland Yard confirmou este domingo ter destacado uma equipa de inspetores para analisar as queixas apresentadas por assédios que terão sido cometidos entre 2010 e 2015. Outro caso, passado à polícia de Londres pelas autoridades de Merseyside, diz respeito a alegados assédios cometidos na década de 1980, refere o britânico The Guardian.

Harvey Weinstein, de colosso de Hollywood a violador

As últimas queixas — as primeiras fora de território norte-americano — chegaram à polícia londrina no mesmo dia em que Harvey Weinstein tomava conhecimento da decisão da Academia de Hollywood de expulsar o produtor. Tudo consequência do escândalo sexual em que o fundador da produtora Miramax está envolvido e que, a cada dia, ganha maiores proporções.

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Foi o próprio porta-voz da Metropolitan Police Service (a polícia londrina) quem confirmou a investigação. “A 11 de outubro, a polícia de Merseyside fez chegar à Metropolitan Police a referência a alegados abusos sexuais” envolvendo o produtor norte-americano. Sem fazer referências a Weinstein, o porta-voz da instituição referiu que as alegações envolvem “um homem que terá abusado de uma mulher no início da década de 1990, na zona oeste de Londres”. Essa foi apenas a primeira queixa contra o produtor.

Este sábado, nova mancha no caso. Alegações de que teriam sido cometidos novos abusos, mas mais recentes: em 2010 e 2011, na zona de Westinster, e em 2015, em Camden, nos arredores de Londres.

Estão em causa duas vítimas. Uma delas é Lysette Anthony, a atriz que participou na série televisiva Hollyoaks. A própria Lysette Anthony contou ao Sunday Times que, depois de se terem tornado amigos no início da década de 1982, o produtor abusou sexualmente dela anos mais tarde. A atriz terá mesmo apresentado um vídeo que prova as suas alegações e pondera apresentar uma queixa formal. A segunda vítima é uma antiga funcionária dos estúdios Miramax, uma criação dos irmãos Weinstein.

Os dois casos somam-se aos mais de 20 testemunhos conhecidos nas últimas semanas nos EUA. Em relação a todos os casos, o porta-voz de Weinstein refere que o produtor “nega inequivocamente” qualquer acusação de sexo sem consentimento.

As 23 mulheres (pelo menos) que foram assediadas por Harvey Weinstein

As consequências do escândalo sexual têm-se sucedido. A mulher de Weinstein deixou-o ao tomar conhecimento das acusações, a Academia de Hollywood vetou a sua presença na organização. A própria The Weinstein Company, que o produtor criou e que lançou filmes como “O Discurso do Rei”, “Lion”, Django Libertado, também já expulsou Weinstein da sua direção.

Enquanto estas consequências práticas se multiplicam, as queixas e reações ao escândalo dão maior dimensão a este caso. Umas das últimas reações veio de Woody Allen. O realizador, figura de destaque de Hollywood, contou há alguns anos com o apoio de Weinstein, quando foi acusado de abusar da sua filha. Foi nos anos 1990. Agora, Allen diz-se “triste” pelos vários relatos que têm chegado a público. “Já tinha ouvido rumores” das práticas de Weinstein, mas nunca “estas histórias de horror” que relatam situações de abuso e violações sexuais.

Nunca alguém se dirigiu a mim para me contar histórias de horror com alguma seriedade”, disse o realizador. “Ouve-se sempre um milhão de rumores criativos, alguns acabam por ser verdade e alguns — muitos — são apenas histórias sobre esta atriz ou aquele ator”, admitiu Woody Allen.