Até os construtores de automóveis de luxo podem errar e, quando o fazem, é em grande. A britânica Aston Martin, que produz veículos com tanto de desportivo quanto de apaixonante, em termos estéticos, vai iniciar no dia 1 de Fevereiro dois recalls. Um primeiro que envolve um maior número de unidades e um segundo, substancialmente mais grave, que pode pôr em causa o condutor e o seu próprio veículo. No total, são 5.446 Aston Martin que têm de visitar a oficina, valor muito elevado para um fabricante que, nos últimos anos, tem visto a sua produção variar entre 3.000 e 8.000 carros por ano.

O problema que afecta a maioria (3.493) dos carros defeituosos da marca inglesa é algo relativamente simples de resolver e prende-se com um problema de software, na ligação entre a unidade electrónica que gere o motor e a responsável pela caixa de velocidades. Segundo a National Highway Traffic Safety Administration, entidade que detectou o defeito e obrigou o fabricante a intervir, trata-se da impossibilidade de engatar a caixa em Park e, logo, de estacionar o veículo em segurança, o que obriga a depender apenas do travão de mão para o manter estacionado, o que pode ser complicado em zonas mais acidentadas.

O segundo defeito, que afecta 1.953 automóveis, não será tão fácil de concertar e é substancialmente mais perigoso, para pessoas e máquina. O problema acontece quando se chega o banco do condutor atrás, algo que é vulgar nos passageiros de maior estatura. Nesta condições, há um cabo que liga a bateria (colocada na traseira) ao motor (obviamente, em posição dianteira) e que passa precisamente sob o assento, que vai sendo desgastado pelo constante “esfregar”. Escusado será dizer que, após um indeterminado número de regulações do banco, o curto-circuito acontece e das duas, uma: ou tudo começa por uma lenta libertação de fumo que se pode apagar – com algum engenho, arte e um extintor –, ou então, se for um princípio de incêndio mais violento, o melhor mesmo é chamar os bombeiros e encomendar mais um Aston Martin.

Os veículos que podem ser acometidos deste problema mais grave foram os produzidos entre 2004 e 2016, o que envolve modelos como o DB9, o Virage, DBS e Rapide, entre outros. A Aston Martin já anunciou que vai chamar os clientes à oficina a partir de 1 de Fevereiro, pelo que até lá restrinja a utilização do elegante desportivo. Ou compre um extintor.

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