A solução para o Banco Espírito Santo (BES) poderá custar à volta de 10 mil milhões de euros. A estimativa é avançada por Vítor Bento, o economista que assumiu a presidência do BES semanas antes da resolução em agosto de 2014, e que acabou por sair, pouco tempo depois, por discordar da venda acelerada do banco.

Em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1, Vítor Bento levanta a questão: “Não sei qual teria sido o resultado se esses 10 mil milhões tivessem sido adiantados antes da resolução, por exemplo. Vale a pena questionar”.

Vítor Bento começa por defender que o atual Executivo agiu bem de uma maneira geral em relação à banca, nomeadamente na resolução do Banif e na recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. Mas assinala também que não tinha muita margem de manobra.

O presidente não-executivo da SIBS considera que nos casos do BES e também do Banif se adiaram “demasiado os problemas”. Daí que o caso do Espírito Santo defenda que a solução encontrada foi “a solução possível no timing em que ela teve de ser tomada. Quando chegamos a uma solução de desespero qualquer solução serve, mas temos é de perceber se era possível ou não ter tido soluções melhores”.

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As contas do economista são feitas já depois de concretizada a venda do Novo Banco ao fundo americano Lone Star, uma operação que terá custos adicionais para o Fundo de Resolução. Para Vítor Bento este instrumento, que dizem que é detido pelos bancos “é uma ficção”.

O Fundo de Resolução é uma entidade na esfera do Estado que é financiada pelas contribuições dos bancos, mas a necessidade de intervir para resgatar o BES e o Banif, no quadro das regras da união bancária, obrigou o Estado a emprestar dinheiro ao fundo para financiar estas operações. E a venda do Novo Banco, que resultou do BES, não gerou meios para o Fundo, e os seus financiadores, os bancos, reembolsar o empréstimo ao Estado. A solução encontrada pelo atual Governo, para evitar uma penalização excessiva dos bancos, foi a de prolongar o prazo do empréstimo ao Fundo de Resolução até 2046.

De acordo com a edição de segunda-feira do Jornal de Negócios, o Fundo de Resolução reconheceu uma imparidade (perda) de 4900 milhões de euros — o valor injetado na criação do Novo Banco a partir do BES — nas contas de 2016. Esta perda foi reconhecida antes de fechar a venda do banco à Lone Star no final do ano passado. Em consequência, a instituição apresentou em 2016 capitais próprios negativos da mesma dimensão.