Um grupo de ativistas londrino inspirou-se no filme “Três Cartazes à Beira da Estrada” para pedir respostas às autoridades britânicas. O motivo? O incêndio na Grenfell Tower, que matou 71 pessoas e deixou centenas de outras desalojadas, no dia 14 de junho de 2017.

Esta quinta-feira, três gigantescos cartazes – com as palavras “71 mortos”, “e ainda não há detenções?” e “como é que pode ser?” – andaram pelas ruas de Londres em cima de carrinhas. Com as mesmas cores e frases muito parecidas àquelas usadas no filme, o protesto foi claramente inspirado na película protagonizada por Frances McDormand.

Em “Três Cartazes à Beira da Estrada”, Mildred Hayes (a personagem de McDormand) aluga três cartazes à entrada de Ebbing, a cidade onde vive, para protestar contra a ausência de detenções no seguimento da violação e homicídio da filha.

Na vida real, o grupo que organizou o protesto chama-se Justice4Grenfell e é composto por familiares das vítimas mortais e sobreviventes do incêndio. Pouco depois da tragédia, a polícia britânica abriu uma investigação criminal para apurar a utilização de um revestimento inflamável na remodelação da torre. Este revestimento pode ter propagado as chamas e aumentado a dimensão do fogo, mas ainda não existem arguidos, detenções ou acusações.

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A CNN conta que as carrinhas com os cartazes passaram pelas ruas mais movimentadas do centro de Londres até pararem em frente ao local da tragédia. O grupo responsável partilhou um comunicado no seu site oficial, onde se pode ler que “oito meses depois da tragédia na Grenfell Tower, o assunto está a ser ignorado”.

Estes três cartazes estão aqui para manter esta tragédia na consciência nacional, para fazer com que as nossas vozes sejam ouvidas. E as nossas vozes pedem uma mudança num sistema que mata. E as nossas vozes exigem justiça para Grenfell”, escreveu o grupo Justice4Grenfell.

De acordo com um relatório do governo britânico, de 395 lares destruídos pelo incêndio, 300 famílias estão a viver em hotéis, 75 em casas alugadas, nove estão a viver com família ou amigos de forma temporária e apenas onze já encontraram um local permanente para viver. A polícia de Londres indica que a investigação não estará concluída até 2019.