A chefe de diplomacia da União Europeia (UE) descartou esta segunda-feira a aplicação de sanções suplementares ao Irão devido ao seu programa de mísseis, reafirmando o compromisso comunitário de prosseguir a implementação do acordo nuclear com este país. “Saudamos o trabalho que, em particular, França, Alemanha, e Reino Unido estão a desenvolver com o Governo dos Estados Unidos, para responder a algumas das preocupações demonstradas pelo Presidente [Donald] Trump, dentro do quadro do atual acordo. E, ao mesmo tempo, tranquilizamos a restante comunidade internacional e também as autoridades iranianas sobre o facto de a UE estar comprometida com a implementação do acordo”, elucidou Federica Mogherini.

A Alta Representante da UE para a Política Externa, que falava no final da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros comunitários no Luxemburgo, reportava-se ao ultimato feito pelo Presidente norte-americano, que ameaçou rasgar o pacto nuclear com Teerão e fixou até 12 de maio a data para que os três países europeus possam emendar as “terríveis lacunas” no texto do acordo. “Não houve consenso. Não estamos convencidos sobre a necessidade de sanções suplementares”, assumiu Mogherini, que recordou que já há um conjunto de sanções em vigor contra o Irão.

Em 12 de abril, a UE prolongou por mais um ano, até 13 de abril de 2019, as sanções impostas ao Irão por violação dos direitos humanos. As sanções, que estão em vigor desde 2011, consistem em restrições de viagem e congelamento de bens impostos a 82 pessoas e uma entidade, e na proibição da exportação para o Irão de equipamentos suscetíveis de serem utilizados para fins de repressão interna e de equipamento de controlo das telecomunicações.

“Há algo que absolutamente claro para nós: queremos preservar o acordo [nuclear] com o Irão. E isso tem de ser encarado à margem de outros assuntos”, disse, distinguindo a ação de Teerão na guerra da Síria do compromisso nuclear. A chefe da diplomacia europeia revelou ainda que os ministros dos Negócios Estrangeiros comunitários concordaram que existe “um padrão desafiante” no comportamento da Rússia em vários campos, nomeadamente na Ucrânia e na Síria, onde o governo russo tem desenvolvido “uma contínua atividade de desinformação, ingerência interna, e ciber-terrorismo”.

“Foi dolorosamente evidente com o ataque de Salisbury que precisamos de reforçar a nossa própria resiliência dentro da UE”, admitiu na única referência ao envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal e da filha, Yulia. O envenenamento do ex-espião duplo e da sua filha, em solo britânico, provocou uma das piores crises nas relações entre a Rússia e o ocidente desde a guerra fria e conduziu a uma vaga histórica de expulsões recíprocas de diplomatas.

Londres acusa Moscovo de envolvimento neste envenenamento através da utilização de um agente neurotóxico, enquanto a Rússia desmente as acusações e denuncia uma “provocação” e uma “campanha antirrussa”.

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