A 18 de Março, um veículo da Uber atropelou mortalmente uma mulher de 49 anos, enquanto testava o seu sistema de condução autónoma. O acidente levou à interrupção dos testes por parte da empresa de transportes americana, pelo menos enquanto a National Transport Safety Board (NTSB), a entidade americana que analisa os acidentes mais graves, especialmente os que envolvem veículos sem condutor, não apresenta as suas conclusões.

De recordar que o atropelamento teve alguns contornos estranhos, que levaram especialistas a afirmar que, caso estivesse ao volante um condutor de carne e osso, em vez de um sistema automático, equipado com uma série de sensores, radares e câmaras, muito provavelmente não teria sido evitado. Em causa está o facto de a vítima mortal estar a atravessar uma via com inúmeras faixas de rodagem e empurrando uma bicicleta, numa zona sem iluminação e fora da passadeira.

Contudo, os veículos autónomos estão equipados com soluções que lhes permitem “ver” de noite e sem luz – ou, pelo menos, é isso que prometem ao público, assegurando assim um incremento de segurança face aos condutores humanos, pelo que importa saber o que é que o sistema com que está equipado o Volvo da Uber detectou e que decisão tomou para evitar ou minimizar em embate. Isto apesar de, pelas imagens reveladas, não parecer ter feito grande coisa para evitar atropelar o peão.

Atropelamento mortal. Uber paga agora, para evitar pagar mais depois

A NTSB ainda não deu a sua investigação por terminada, mas a Reuters avança que o relatório afirma que os sensores do carro da Uber detectaram o peão que atravessava a via. Porém (e lamentavelmente), decidiu não se desviar nem tomar qualquer medida para evitar o embate. Ao que parece, o peão foi confundido com um falso positivo, uma situação que acontece quando o sistema detecta um vulto ou objecto, mas decide que não deve ser considerado. Isto acontece tipicamente quando é um saco plástico a voar que é detectado, com o sistema de inteligência artificial a optar por não se desviar, nem travar, para não incorrer em riscos maiores ou acidentes mais graves.

Confrontada com a notícia divulgada pela Reuters, que coloca em causa o software que gere a condução autónoma, a Uber optou por não comentar, anunciando aguardar que a NTSB divulgue as suas conclusões finais. Indiscutível é o facto de a Uber ter decidido arrumar o assunto antes de este poder avançar para tribunal, chegando a acordo com os familiares da vítima.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR