Angela Merkel disse esta quinta-feira que a Europa já não pode contar com os EUA para a sua proteção. “Já não podemos esperar que os EUA simplesmente nos protejam, a Europa tem de agarrar o seu destino com as próprias mãos”, disse a chanceler alemã esta quinta-feira de manhã.

Os EUA, juntamente com a maioria dos países da Europa, onde se inclui a Alemanha, fazem parte da NATO. O artigo 5º da NATO estipula que “um ataque armado” contra um país-membro daquela aliança “será considerado um ataque a todas”. Desta forma, Angela Merkel volta a colocar dúvidas sobre a vontade dos EUA cumprirem aquela parte do acordo entre os países da NATO.

As declarações de Angela Merkel surgem poucas semanas depois de ter feito uma visita oficial aos EUA. Numa conferência de imprensa conjunta aquando da reunião entre os dois chefes de Estado, Donald Trump disse que os dois falaram a “sobre a segurança da Europa e a responsabilidade das nações europeias de contribuírem adequadamente para a sua própria defesa”.

Donald Trump referiu-se ainda ao compromisso firmado entre os países-membros da NATO em 2014, que na altura decidiram que cada um iria canalizar 2% do seu orçamento anual para a defesa. Porém, segundo números de 2017, apenas seis dos 29 países-membros cumprem esta meta: os EUA (com 3,58% do seu orçamento anual), Grécia (2,32%), Reino Unido (2,14%), Estónia (2,14%), Roménia (2,02%) e Polónia (2,01%). A Alemanha fica-se, para já, nos 1,35%. Portugal dedica

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“Todos os países-membro devem honrar o seu compromisso com os 2%, oxalá muito mais, do seu orçamento em defesa”, disse Donald Trump ao lado de Merkel, no final de abril. “É essencial que os nossos aliados aumentem [as despesas com a defesa] para que cada um pague uma parte justa. Muitos países já se chegaram à frente.”

As palavras de Angela Merkel nesta quinta-feira surgem dois dias depois de Donald Trump ter anunciado a retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irão, do qual a Alemanha é um dos signatários. Os restantes são o Reino Unido, França, China e Rússia. Nenhum destes países apoiou a decisão dos EUA de abandonar o acordo.

Angela Merkel já tinha feito as mesmas declarações, praticamente ipsis verbis, em maio do 2017. “Nós, europeus, devemos tomar o nosso destino com as nossas próprias mãos”, disse à altura. “Os tempos em que podíamos contar com os outros totalmente praticamente acabaram, como tenho visto nos últimos dias.”