O vulcão Kilauea provocou, na quarta-feira, a abertura de uma 15.ª fissura nos subúrbios de Leilani Estates e Lanipuna Gardens. O acontecimento pode marcar, assim, o início de mais um período violento de atividade vulcânica. Os especialistas apontam mesmo que os riscos de erupção explosiva — um tipo de erupção causado pela acumulação de vapor e gases que são libertados de forma violenta —  são elevados. Quase duas mil pessoas foram evacuadas.

Keith Brock, um morador da região de Leilani Estates, Havai, assistiu a uma erupção no seu jardim, quando voltou a casa para recolher alguns dos seus pertences. As autoridades permitiram que algumas pessoas voltassem a casa para recolher pertences ou os animais de estimação, mas avisaram que não era seguro ficarem.

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Até ao momento, o vulcão provocou a destruição de 36 estruturas, entre as quais 26 casas, desde que começou a libertar lava a cerca de 40 quilómetros de distância da cratera. De acordo com o Observatório de Vulcões do Havai, na quarta-feira registava-se uma temperatura de 103º C na fenda que se formou em Leilani Estates. A quantidade de terra coberta de lava é de cerca de 100 campos de futebol.

O residente David Nail, que estava a dormir quando a fissura se abriu perto de sua casa, expelindo lava e gás, diz que o som fazia lembrar “10 ou 20 motores a jato”. Na terça-feira tentou voltar a casa novamente, mas foi bloqueado por uma barreira de lava de seis metros. “Tudo o que podíamos fazer era sentar e chorar”, disse ao Express.

Com as novas fissuras a aparecerem em terra, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) alertou para a possibilidade de nas próximas semanas o vulcão Kilauea entrar em atividade explosiva, uma vez que a lava continua a afundar no lago da cratera, a pressão que ali existe pode levar, assim, à emissão de rochas de vários tamanhos — incluindo “pedras do tamanho de frigoríficos”.

Se subir, vai ter de cair. Ninguém quer estar debaixo de qualquer coisa que pesa 10 toneladas e que pode ser lançado a cerca de 120 quilómetros por hora”, disse Charles Mandeville, coordenador de riscos de vulcões do USGS.

As nuvens de cinza podem também subir até altitudes mais elevadas e transportadas até quilómetros de distância, propagando-se por zonas mais vastas. “Neste momento não conseguimos dizer se é certo que vai ocorrer atividade explosiva, qual a dimensão que as explosões podem atingir ou por quanto tempo vão continuar”, disseram as autoridades.

Foi na terça-feira que a 13.ª e 14.ª fendas surgiram na zona de Leilani Estates, onde na semana passada foram evacuadas 1.700 residentes, depois depois de vários tremores de terra terem atingido a região — com o mais forte a atingir uma magnitude de 6,9 na escala de Richter. Aquele que é um dos vulcões mais ativos do mundo, e que tem estado em constante erupção desde 1983, está a deixar os habitantes da região em completo estado de ansiedade.

Caso venha a acontecer, a explosão pode levar ao encerramento dos dois maiores aeroportos da Ilha Grande, no Havai, e causar outro tipo de perigos. O parque nacional que está em redor do vulcão já anunciou que vai encerrar devido aos riscos existentes.

“Sabemos que o vulcão é capaz de algo assim, sabemos que é uma possibilidade”, disse Charles Mandeville, lembrando que já ocorreram explosões no vulcão Kilauea em 1925, 1790 e mais quatros vezes nos últimos milhares de anos. O responsável salientou que as condições estão a mudar no interior do vulcão de uma forma que pode originar uma explosão, apesar de explicar que existe a possibilidade de tal não acontecer. Se a explosão ocorrer, pode também libertar vapor e dióxido de enxofre.

(artigo atualizado às 8h18 de 11 de maio com novas informações sobre o tipo de material libertado se a explosão ocorrer efetivamente e as declarações do especialista do Serviço Geológico dos Estados Unidos Charles Mandeville)