As décadas de 70 e 80, que é como quem diz nos primórdios da Taça de Portugal, tiveram uma série de dérbis entre Benfica e Sporting no jogo decisivo da competição. Foi assim em 1975 (20-18 para os leões), foi assim em 1981 (24-22 de novo para os verde e brancos), foi assim em 1985 (19-18 para as águias), foi assim em 1986 (20-19 outra vez para os encarnados), foi assim em 1989 (22-18 para os leões). A partir daí, houve apenas um cruzamento entre os rivais pelo troféu, mais concretamente há dois anos, com triunfo da equipa na Luz por 36-35 no prolongamento.

Por esse equilíbrio e por tudo o que se viu ao longo da época, o último encontro da temporada na modalidade era aguardado com grande expetativa, com o Sporting a jogar pela primeira dobradinha desde 2001 e o Benfica a lutar pelo primeiro troféu da era Carlos Resende, técnico que assumiu este ano o comando dos encarnados numa espécie de ano zero para arrumar a casa e assentar alicerces que permitam recolocar a equipa na luta pelo título. E foram mesmo as águias a levarem a melhor, depois das quatro derrotas que somaram com os leões no Campeonato.

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Com uma vantagem de três/quatro golos criada logo nos primeiros minutos, quando Davide Carvalho ia somando contra-ataques atrás de contra-ataques, o Benfica esteve sempre por cima do encontro com um ponto a fazer toda a diferença: a capacidade defensiva, não só nas defesas do guarda-redes Hugo Figueira mas também, ou sobretudo, na forma como secou as saídas rápidas dos pontas leoninos e os remates de nove metros de Frankis Carol. Nem mesmo a terceira exclusão e respetivo vermelho a Nuno Grilo, ainda no primeiro tempo, fez abanar os encarnados, que chegaram ao intervalo com um avanço de cinco golos frente a um Sporting irreconhecível. Davide Carvalho, com quatro golos, foi o melhor marcador, seguido por Pedro Seabra, Belone, Edmilson e Pedro Solha.

No segundo tempo, a entrada de Skok ainda pareceu dar sinais de uma possível recuperação (Cudic esteve muito, muito abaixo do normal) mas a ligeira melhoria dos leões no plano defensivo não teve correspondência no ataque, onde houve apenas um golo nos primeiros cinco minutos da etapa complementar. Assim, foi o Benfica, com Pedro Seabra e Alexandre Cavalcanti fortíssimos nas ações ofensivas e uma defesa muito sólida que dava inúmeros contra-ataques, a controlar o resultado e a ampliar mesmo a vantagem perante um completo descontrolo emocional do Sporting que, além de não contar com os lesionados Ruesga, Pedroso e Bosko Bjelanovic, ainda viu Nikcevic ser expulso por protestos (e o próprio Bozovic, no banco, chegou a ser admoestado com uma exclusão).

No final, e após oito vitórias e um empate do Sporting, o Benfica conseguiu finalmente vencer o velho rival, com um triunfo categórico por 31-24 que valeu a sexta Taça de Portugal na história. Davide Carvalho, com nove golos, foi o melhor marcador dos encarnados (e do encontro), seguido pelo ponta oposto João Pais (cinco) e pelo trio Belone Moreira, Pedro Seabra e Alexandre Cavalcanti (todos com quatro). Do lado dos leões, Frankis Carol (seis golos) e Pedro Portela (cinco) foram os artilheiros, com a nuance de este ter sido o último encontro do ponta direita verde e branco, que vai na próxima temporada para o Campeonato de França.