O Conselho Geral da Associação Mutualista Montepio Geral deverá aprovar hoje a alienação de até 2% do capital da Caixa Económica Montepio Geral, um passo necessário à entrada da Misericórdia de Lisboa no capital do banco, segundo fontes do setor.
A proposta que vai hoje a votação no Conselho Geral da Mutualista, marcado para as 15:00 (hora de Lisboa), é para a alienação de até 2% do capital do banco Montepio a entidades do setor social.
A proposta é de autorização ao Conselho de Administração da Mutualista, presidido por Tomás Correia, para alienação de parte do capital do banco e não refere a que entidades será feita a venda e os montantes de investimento de cada entidade.
Segundo a imprensa, se esta proposta for aprovada hoje em Conselho Geral, já está sexta-feira deverá ser assinado o protocolo entre a Associação Mutualista Montepio Geral e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para a entrada desta no capital do banco Montepio.
Em declarações à TVI, esta quarta-feira, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Edmundo Martinho, disse que haverá “a formalização de um contrato de aquisição de uma parte do capital da Caixa Económica Montepio Geral, por um conjunto de instituições, em que se inclui a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa”.
A Misericórdia de Lisboa entrará com “um valor em volta dos 75 mil euros”, acrescentou. Este investimento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a confirmar-se, será simbólico.
Assim sendo, mesmo que outras misericórdias também entrem no capital do banco Montepio, tendo em conta os valores de investimento falados, que são reduzidos, tal significa que para já a alienação do capital da Caixa Económica Montepio Geral ficará bem abaixo dos 2% do capital do Montepio.
A venda de 2% do capital da CEMG significaria um investimento de instituições do setor social de cerca de 36 milhões de euros (isto se se considerar que o banco vale 1.800 milhões de euros). A entrada da Misericórdia de Lisboa no capital do banco Montepio é um tema que já provocou muita polémica, sobretudo perante as informações do início do ano de que a SCML poderia entrar com 200 milhões de euros em troca de uma participação de 10% na CEMG.
O valor indicado tem-se vindo a reduzir e em abril o provedor da SCML falava da possibilidade de esta ficar com 1% do capital do banco Montepio em troca no máximo de 18 milhões de euros.
Na sequência da polémica sobre o investimento da SCML no Montepio, em 20 de abril, o parlamento aprovou as recomendações do PSD e CDS-PP para que o Governo impeça a entrada da SCML no capital do Montepio e uma do BE que pede a regulação dos investimentos daquela instituição.
Entre as instituições apontadas para entrar no capital da Caixa Económica Montepio Geral, além da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, está a Santa Casa da Misericórdia do Porto, cujo provedor, António Tavares, é também porta-voz do Conselho Estratégico Nacional do PSD para a área da Solidariedade e Sociedade de Bem-Estar. António Tavares é também, atualmente, presidente da mesa da assembleia-geral da Caixa Económica Montepio Geral.
A Associação Mutualista Montepio Geral é o topo do Grupo Montepio, sendo a sua principal empresa a Caixa Económica Montepio Geral, cujo capital detém para já na totalidade. Carlos Tavares (ex-presidente da CMVM – Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) é desde março presidente da CEMG, substituindo Félix Morgado, que tinha relação conturbada conhecida com o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral (a dona da CEMG), Tomás Correia.
Em maio, a Caixa Económica Montepio Geral já liderada por Carlos Tavares divulgou lucros de 6,4 milhões de euros relativos a 2017, revendo em baixa o resultado líquido de 30,1 milhões de euros apresentado em fevereiro por Félix Morgado, devido ao aumento das imparidades para crédito (provisões para perdas potenciais com empréstimos).
Num encontro com jornalistas, Carlos Tavares disse, na altura, que o banco não deverá precisar este ano de um aumento de capital, considerando que tem “capital suficiente para desenvolver a sua atividade”. Já este ano, como estava previsto, o Montepio realizará uma emissão de dívida subordinada de 250 milhões de euros, que servirá para reforçar rácios de capital, o que os responsáveis do banco esperam que possa acontecer no terceiro trimestre.