Para os portugueses, como para a maioria dos europeus, o Mégane está disponível com carroçaria de cinco portas, vulgarmente apelidado de hatchback, e carrinha, que a marca baptiza de Sport Tourer. Mas em certos mercados (poucos) existe igualmente o Mégane de quatro portas e três volumes, de linhas mais clássicas e que não possui um grande potencial de vendas no segmento C, onde está inserido e daí que não seja proposto. Contudo, a vida não pára e com a troca para breve do sistema de determinação de consumos e emissões NEDC, pelo mais eficaz e próximo da realidade WLTP, que vai ser obrigatório a partir de 1 de Setembro, há motores que vão desaparecer da gama Talisman. Precisamente os mais pequenos e baratos, com o Mégane de quatro portas a aparecer para colmatar essa lacuna.

Denominada Grand Coupé, a versão de quatro portas do Mégane começa por ser surpreendentemente atraente, com um vincado perfil em cunha, fruto da traseira muito alta, o que não só reforça o volume da bagageira, como tem ainda vantagens aerodinâmicas e estéticas. Baptizá-lo Grand Coupé pode parecer um abuso linguístico, mas é a moda entre os veículos com os pilares do tejadilho mais inclinados e, no fundo, é um termo tão impreciso como quando é usado pela BMW…

Substituir as versões mais baratas do Talisman pelo Grand Coupé pode parecer um pouco forçado, tanto mais que o topo de gama da Renault é mais comprido, largo e usufrui de uma maior distância entre eixos, mas a realidade é que este Mégane de quatro portas é bastante maior do que o seu irmão de cinco. A distância entre eixos aumentou 4,3 cm (passa a ser igual à da carrinha), mas o comprimento total é incrementado em 36,7 cm, o que atira o comprimento total para mais de 4,6 metros (4,632 m). Ou seja, similar a modelos do segmento D, como o BMW Série 3.

Mégane igual aos outros. Mas com mais espaço

O crescimento exterior é acompanhado por um maior espaço lá dentro, com quem se senta atrás a usufruir de 21,6 cm para as pernas, em vez de apenas 17,9 cm, para depois a bagageira disparar para 550 litros, valor que ainda pode crescer com o rebatimento das costas do assento posterior, isto apesar de a mala ser neste caso independente do habitáculo. Por dentro, o design é o mesmo, moderno e funcional, com materiais de excelente qualidade e um ecrã central de grandes dimensões (nas versões mais bem equipadas) que faz a maravilhas dos fãs dos gadgets.

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Igual em tudo aos restantes Mégane, o Grand Coupé disponibiliza pormenores de equipamento interessantes, como o head-up display a cores, o R-link2 – que facilita a associação do smartphone ao veículo, além do controlo do sistema de navegação, entre outras funções – e o Multisense. É este sistema que torna possível que o condutor tenha à sua disposição vários Grand Coupé num só, uma vez que ao escolher o modo de condução (ou personalizá-lo à sua maneira), o condutor pode tornar o Mégane mais confortável e económico (suavizando o acelerador e a cartografia do motor), para no instante seguinte poder optar por um modo mais dinâmico e mais eficaz. Sendo tudo isto acompanhado de um painel de instrumentos distinto e, até, de uma nova iluminação interior.

Para já, motores a gasolina e diesel

O Grand Coupé já está disponível no mercado nacional, com o motor 1.2 TCe a gasolina, de 130 cv, associado à caixa manual de seis velocidades, existindo duas propostas a gasóleo para os fãs deste tipo de combustível. O mais acessível recorre ao 1.5 dCi de 110 cv, que pode estar acoplado à caixa manual de seis velocidade ou, em opção, à automática de dupla embraiagem com o mesmo número de relações (EDC6). A versão diesel mais potente monta o 1.6 dCi de 130 cv, surgindo apenas associada à caixa manual.

Tivemos oportunidade de conduzir o Mégane Grand Coupé com o motor 1.5 dCi de 110 cv e caixa EDC6, o que nos permitiu comprovar que a versão de quatro portas é exactamente igual à de cinco, até ao pilar C, o mais recuado, onde o hatchback se transforma em berlina. A mesma qualidade de construção, o mesmo requinte interior e qualidade de materiais, com os 110 cv a não impressionarem, mas a cumprirem a sua obrigação, subindo bem de regime sem obrigar a um recurso constante à caixa de velocidades. E, mais importante do que isso, com consumos que oscilaram entre os 5,5 litros, em estrada e dentro dos limites, para depois subir para os 6,2, já com mais quilómetros percorridos em cidade e sem grandes preocupações com o acelerador.

Novidades para (muito) breve

Todas estas motorizações são homologadas como NEDC, o que significa que vão ser descontinuadas a 31 de Agosto, isto segundo a legislação. Contudo, e de forma a suavizar a transição para o WLTP, a Renault pode (e vai fazer) recorrer a duas soluções para vender estes motores depois de 1 de Setembro. Para começar, pode vender depois dessa data até 10% do total de vendas de 2017, o que lhe deverá permitir mais um mês de vendas. Pode ainda criar um “pulmão” de veículos, matriculados durante Agosto, para vender até final do ano. Novos, mas com matrícula do mês 8.

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Paralelamente, ainda antes do final de 2018, a Renault vai introduzir os novos motores, homologados segundo o WLTP, e a listagem não vai incluir o 1.6 dCi de 130 cv, nem o 1.2 TCe de 130 cv, que são descontinuados agora. No seu lugar, para os diesel, vai aparecer uma versão reformulada do 1.5 dCi, já com AdBlue e conversor catalítico selectivo (SCR) para reduzir os NOx. Já os gasolina vão recorrer ao novo motor 1.3 – desenvolvido a meias com a Mercedes, que já o usa no Classe A –, que está disponível com vários níveis de potência. Contudo, este motor, além de pagar mais taxas pela maior cilindrada, vai ser penalizado pelos consumos superiores que vai declarar, devido às características do WLTP, o que tornará o Grand Coupé mais caro. Pelo menos, enquanto não for alterado o sistema fiscal, para acomodar a troca do NEDC pelo WLTP.

E preços?

O Mégane Grand Coupé vai estar disponível em duas versões, todas elas bem equipadas, sendo a Limited a mais acessível e a Executive a mais cara. O motor que torna o modelo mais atraente às carteiras dos portugueses é o 1.2 TCe de 130 cv, proposto a partir de 24.230€, para o Limited – exigindo mais 3.000€ para evoluir para a Executive, com a caixa EDC6 – obrigar a um investimento adicional de 1.500€ para este nível de equipamento.

Entre as motorizações a gasóleo é o 1.5 dCi de 110 cv que promete ser o mais popular, comercializado por 27.330€ e 30.330€, respectivamente nas versões Limited e Executive, com a opção EDC6 a estar sempre presente. Ao 1.6 dCi de 130 cv está reservado o estatuto de topo de gama, estando à venda apenas na versão Executive, por 32.430€.

Tendo em conta que o Talisman vende actualmente entre 80 e 90% para frotas e vai perder a motorização 1.5 dCi devido ao WLTP, o Mégane Grand Coupé chega ao nosso país especificamente para preencher este vazio. Este e o que se segue, depois de serem conhecidos os novos preços dos modelos do segmento D a partir de Setembro, onde se esperam incrementos de preços significativos, exclusivamente devido à nova fórmula para determinar os consumos e emissões (uma vez que os motores são os mesmos) e à não adaptação das tabelas fiscais portuguesas.

Os preços do Grand Coupé são competitivos, mas como o modelo está vocacionado para os frotistas e empresas de leasing e é conhecida a capacidade da Renault para ser competitiva neste domínio (apesar de nem sempre conseguir acompanhar as mais refinadas marcas alemãs), é bom contar com um corte considerável sobre os preços de tabela, pelo que os 24 mil euros devem levar uma redução e serão várias as versões abaixo dos 25 mil euros, um valor de charneira fiscal para as empresas.