Foi por acidente que uma investigadora espanhola descobriu correspondência trocada entre cinco mulheres e um cardeal no século XVI. Em 2007, Patricia Marín Cepeda era uma recém licenciada em filologia e procurava informação sobre Cervantes para a sua tese de doutoramento. Tentava saber mais acerca do primeiro mecenas do escritor espanhol, o cardeal Ascanio Colonna, um membro de uma poderosa família italiana que viveu em Espanha enquanto estudava.

A investigadora viajou para Itália para analisar o arquivo da família Colonna, que está no mosteiro beneditino de Santa Escolástica. No meio de mais de 20 mil cartas do cardeal houve 500 que lhe chamaram a atenção por estarem catalogadas à parte. Quando as examinou percebeu que tal se devia ao facto de se tratar de correspondência amorosa.

Na altura não pode fazer um trabalho aprofundando sobre o tema, porque estava a meio da investigação sobre Cervantes. Mas o ano passado conseguiu uma das bolsas Leonardo, atribuídas pela Fundação BBVA. “Espero, a pouco e pouco, descobrir detalhes daquelas relações, averiguar quem eram exatamente as mulheres, como era a sua vida privada e também a do cardeal”, disse ao El País.

Para já, sabe que as mulheres usavam pseudónimos retirados das novelas pastorais, bastante populares na época: Dórida, Lisarda, Marfira, Ninfa Castalia e Henarda, Pastora de Henares. Eram espanholas e trocaram correspondência com Ascanio Colonna precisamente durante o tempo em que o cardeal esteve em Espanha.

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