Moçambique deseja um reforço da cooperação com Portugal, disse esta segunda-feira à Lusa o primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, durante uma visita ao pavilhão de Portugal na inauguração da Feira Internacional de Moçambique (FACIM), nos arredores de Maputo. Portugal tem “uma boa presença” no certame, “que testemunha as relações históricas de amizade e cooperação”, referiu.

“Desejamos que essa cooperação se reforce e se traduza em oportunidades de mais empregos para moçambicanos”, acrescentou Carlos Agostinho do Rosário, em declarações à Lusa. No final da visita ao espaço português, o governante deixou um convite à delegação portuguesa: “venham mais vezes à FACIM”.

Portugal “é um parceiro de sempre de Moçambique e continuará a ser. É essa a mensagem que venho reforçar”, referiu Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado da Internacionalização. O governante participou na inauguração da principal feira de negócios moçambicana, tal como já o tinha feito em 2017, e disse ter notado diferenças.

“Há diferenças substantivas, acima de tudo de tudo no ambiente que vivemos. Os indicadores macroeconómicos melhoraram”, referiu. “Depois de vários anos em que o investimento direto português decresceu em Moçambique, em 2017 houve um ligeiro aumento”, destacou, além de várias visitas a um e outro país de delegação governamentais e institucionais nos últimos 12 meses – e que culminou com a vista do primeiro-ministro português, António Costa, a Maputo no início de julho.

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Eurico Brilhante Dias considera que foi aprofundado o conhecimento das prioridades moçambicanas, desde logo, nas áreas agrícola e energética, e deram-se passos para concretizar aquilo que no ano passado foi considerado uma prioridade: “levar o investimento no comércio entre Portugal e Moçambique para outro patamar”.

O governante diz ser “importante dar um sinal de expectativa quanto a um futuro melhor”, dando como exemplo a participação de Portugal, que volta a ser grande, “senão a maior na feira”. No pavilhão de Portugal, organizado pela Fundação da Associação Industrial Portuguesa (AIP) e pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), estão representadas 24 empresas e outras têm espaços ao longo da feira.

Entre as 10 maiores empresas de Moçambique “praticamente um terço tem capital português”, salientou Eurico Brilhante Dias. As duas instituições que organizam a presença portuguesa na FACIM disseram esta segunda-feira acreditar na recuperação da economia moçambicana.

“Moçambique vai fazer a volta completa em termos de recuperação e é muito interessante para nós estar na linha da frente neste mercado”, disse à Lusa, Jorge Rocha de Matos, presidente da Fundação AIP.

Eurico Brilhante Dias, secretário de Estado português para a internacionalização visita Moçambique até sábado e o programa inclui ainda encontros institucionais com o ministro da Indústria e Comércio, Ragendra de Sousa, com o ministro da Energia e Recursos Minerais, Max Tonela e ainda com o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Osvaldo Machatine.

O secretário de Estado disse manter na agenda questões que os empresários portugueses gostariam de ver melhoradas, tais como “a entrada de capital português em empresas de direito moçambicano ou a entrada de trabalhadores portugueses, em circunstâncias em que são úteis, para desenvolver e fazer arrancar muitas das operações”.

“São questões que abordei no ano passado e este ano voltarei a fazer o mesmo”, concluiu. Está ainda na agenda uma deslocação à província de Nampula para identificar oportunidades associadas ao corredor ferroviário Nampula – Nacala e para encontros com empresários portugueses que operam na região.