A Autoridade do Medicamento tem atualmente em avaliação 23 novas substâncias na área da oncologia, sendo que a despesa com medicamentos para o cancro nos hospitais portugueses atingiu 200 milhões de euros só no primeiro semestre deste ano.

Os dados foram divulgados esta terça-feira pelo vogal do Infarmed Rui Ivo durante o Simpósio “Oncologia em Portugal”, organizado pela comissão parlamentar de Saúde e que hoje decorreu na Assembleia da República, em Lisboa.

Só para a área oncológica há 23 novas substâncias ativas a ser avaliadas pelo Infarmed, que este ano aprovou já cinco novos fármacos para tratamentos de cancro: dois para tratamento de leucemia, um para cancro do pulmão, outro para melanoma e mais outro ainda para o cancro gástrico.

Em 2017, o Infarmed tinha aprovado 18 novos fármacos para utilização em oncologia: sete deles para melanoma, cinco para o pulmão, dois para melanoma múltiplo, outros dois para cancro colorretal, um para tumores de ovário e outro para linfoma não-hodgkin. À medida que aumentam as incidências e prevalências de casos de cancro, bem como acesso a tratamentos, vão também crescendo os custos.

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Segundo Rui Ivo, só entre janeiro e julho deste ano foram despendidos 200 milhões de euros em medicamentos oncológicos de consumo hospitalar, o que representa um acréscimo de 21% em relação ao período homólogo do ano anterior, ou seja, mais 35 milhões de euros. Os medicamentos oncológicos representam 27,6% da despesa total com medicamentos nos hospitais.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Paulo Cortes, participou também no Simpósio promovido pela comissão parlamentar de Saúde e deixou clara a ideia do aumento da incidência e prevalência da doença oncológica no mundo. “É expectável que o cancro passe de segunda para principal causa de morte. Em cada dez anos, há um aumento de 30% da prevalência de cancro, o que põe uma pressão enorme nos sistemas de saúde”, afirmou o oncologista, considerando fundamental definir estratégias para prevenir o cancro.

Este aumento reflete-se na crescente necessidade de recurso a radioterapia, por exemplo. Maria de Lurdes Trigo, da Sociedade Portuguesa de Radioterapia, indicou hoje no Simpósio que para 2025 se espera que as necessidades de radioterapia tenham um crescimento de 16% em relação a 2012.

Se nada for feito para inverter a tendência de crescimento, em 2035 estima-se que 14,5 milhões de pessoas morram por ano em todo o mundo, sendo que a radioterapia poderá ajudar a prevenir ou a evitar cerca de um milhão dessas mortes. “A indicação terapêutica da radioterapia tem crescido e é necessário aumentar a capacidade de resposta dos serviços de radio-oncologia”, defendeu Lurdes Trigo.

Em Portugal, por exemplo, a Sociedade de Radioterapia prevê que fossem necessários 60 aceleradores lineares, quando em 2015 esses equipamentos não ultrapassavam os 30 no país.