Preocupados com o estado do ar que respiramos e com o aquecimento global, a maioria dos políticos tem vindo a forçar os fabricantes a produzir veículos eléctricos, como compensação para venderem os outros, a gasolina e a gasóleo. Porém, à excepção da Noruega, poucos países têm criado condições verdadeiramente interessantes para os condutores preferirem esta classe de veículos que, de momento, ainda são mais caros, andam menos, vão menos longe e são menos divertidos de conduzir, apesar de não poluírem as zonas em que circulam.

O arranque das vendas de veículos eléctricos não foi fácil. Foi necessário esperar cinco anos para que fosse atingido o primeiro milhão. De início, os veículos eram sobretudo pequenos, caros, pouco potentes e com autonomias muito baixas. Mas tecnologia não pára de evoluir, pelo que as seguintes gerações de eléctricos começaram a propor modelos mais habitáveis, mais sofisticados e, claro está, mais potentes e capazes de ir mais longe, o que fez maravilhas à aceitação desta classe de modelos pelo grande público.

Hoje, com mais de 4 milhões de veículos eléctricos em circulação, de acordo com a Bloomberg NEF, não deixa de impressionar o facto de o último milhão de veículos a electricidade ter precisado de apenas seis meses para sensibilizar os seus compradores, ou seja, um décimo do tempo que demorou a vender o primeiro milhão. E ainda que, em termos absolutos, as vendas de carros eléctricos sejam pouco representativas, num mercado global que consome anualmente mais de 70 milhões de veículos, a realidade é que a curva de crescimento está a subir e de forma sustentada. Em grande parte, devido às necessidades específicas do mercado chinês que, a braços com graves problemas de poluição nas grandes cidades, tem impulsionado de forma decidida este tipo de motorização.

Depois de atingir 4 milhões de veículos eléctricos em sete anos e meio, tudo indica que a apetência por este tipo de veículos vai continuar a aumentar a bom ritmo, tanto mais que os fabricantes vão ter de criar condições para os vender em força a partir de 2021 (para respeitarem a média de emissões de CO2). Espera-se que os preços baixem e as autonomias subam, sendo previsível que a oferta abandone quase exclusivamente os topos de gama e surjam mais marcas a propor modelos mais pequenos e acessíveis. Nessas condições, os 10 milhões poderão ser ultrapassados rapidamente.

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