A pele azul vivo em torno do olho num fundo de penas brancas torna o mainá-do-bali uma ave inconfundível. Graças à sua beleza ímpar está entre o grupo das aves mais ameaçadas do mundo. O Jardim Zoológico de Lisboa anunciou esta segunda-feira que conseguiu que o casal residente tivesse uma cria.

O mainá-do-bali (Leucopsar rothschildi) vive, como o nome indica, na ilha do Bali, Indonésia. Mais especificamente na Reserva Natural de Barat, onde já só é possível encontrar cerca de 50 indivíduos. É que, mesmo dentro da reserva, a captura ilegal para o comércio de aves de companhia continua a ser a sua maior ameaça. O outro problema: a desflorestação. Sem sítio para viver e com uma população cada vez mais pequena, esta ave de canto está criticamente ameaçada, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza.

Uma das missões do Jardim Zoológico de Lisboa é a conservação das espécies e desde há muito tempo que trabalha na reprodução do mainá-do-bali. “Este nascimento tem um valor incalculável para o Jardim Zoológico, uma vez que foi a primeira reprodução de sucesso desta espécie de ave, desde o início dos anos 1980, altura em que a acolhemos”, lê-se.

O Zoo de Lisboa explica ainda que os pais desta cria — um macho vindo de um zoo da Dinamarca e uma fêmea vinda da Alemanha — “foram trazidos para Portugal depois de minuciosamente avaliados”, afirma Telma Araújo, Curadora de Aves do Jardim Zoológico. A avaliação é muito importante já que permite que “seja possível formar-se potenciais pares da espécie, de modo a reproduzirem e serem reintroduzidos no seu habitat natural”. Os indivíduos devem ser saudáveis e o menos aparentados possível.

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O mainá-do-bali é uma ave pequena, com cerca de 25 centímetros e 115 gramas. A plumagem é predominantemente branca, com a exeção das pontas das asas e cauda que são negras. À crista branca junta-se a pele azul na zona periocular (em torno dos olhos). Estas aves vivem em florestas e alimentam-se de sementes, insetos e frutos que procuram tanto nas árvores como no solo.

No limiar da extinção, estima-se que existam apenas 50 animais desta espécie na natureza. Há cerca de 100 instituições na Europa que trabalham em cooperação de forma a manter a continuidade da espécie, através de reservas naturais ou parques zoológicos. Estas aves  são um símbolo de estatuto social na Indonésia, daí que sejam alvo de captura para tráfico ilegal de aves. Segundo dados nas Nações Unidas e da Interpol, o tráfico de animais selvagens é o quarto negócio ilegal mais lucrativo do mundo, representando cerca de 223 mil milhões de euros anuais, e as aves são o seu principal alvo de transação.