Nos EUA, as marcas do Grupo Volkswagen – especialmente Volkswagen, Audi e Porsche – foram obrigadas a compensar os clientes a quem venderam veículos com sistemas de gestão do motor adulterados, para consumir e emitir menos poluentes, durante as homologações em banco de ensaio. Só a clientes americanos, o conglomerado germânico pagou 14,7 mil milhões de dólares em compensações, dos 27 mil milhões que lhe custou até agora o Dieselgate.

Porém, na Europa, estes fabricantes têm conseguido evitar esta dura penalização que, a acontecer, faria disparar os custos de forma astronómica. Mas a situação pode alterar-se, especialmente depois dos tribunais alemães – curiosamente, não há sinais de outros países aplicarem a mesma pressão sobre os fabricantes – terem dado um pontapé de saída quando o tribunal de Estugarda condenou a Porsche a compensar o dono de Cayenne diesel com o software malicioso.

Tribunal obriga Porsche a retomar Cayenne diesel

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Agora, segundo a Reuters, é a vez de a Volkswagen estar na mira de um juiz de Augburg, uma cidade próxima de Munique, que decidiu a favor de um cliente que adquiriu um Golf diesel em 2012. De acordo com o tribunal, o fabricante tem de devolver a quantia exacta que o cliente pagou pelo veículo há seis anos, porque, segundo o juiz, “a Volkswagen agiu de forma imoral, ao instalar deliberadamente sistemas fraudulentos para incrementar as vendas e os lucros”.

Significa isto que o fabricante tem de devolver cerca de 30.000€, mas a Volkswagen garante que vai apelar da decisão do juiz, alegando que “não existe base legal para a reclamação do cliente, uma vez que não sofreu danos nem perdas, além do veículo continuar funcional”. Para mais, argumenta ainda o construtor, “cerca de 9.000 julgamentos já realizados, entre primeira instância e tribunais superiores, não alinham pela decisão do tribunal de Augburg”.

Se no acordo a que chegou com o Governo americano a Volkswagen pagou 14,7 mil milhões de dólares (cerca de 13 mil milhões de euros) para retomar 500.000 veículos poluentes, o grupo alemão arrisca a multiplicar por algumas dezenas os 27 mil milhões que já despendeu com o Dieselgate, caso a decisão de Augburg seja mantida pelo tribunal superior e faça jurisprudência. Não só na Alemanha, como no resto da Europa, onde se concentra a maioria das vendas do grupo.