O Presidente da República advertiu contra “a tentação de, na luta do poder, sacrificar instituições para atingir os seus titulares”, considerando que Portugal não está livre da onda global de movimentos populistas e nacionalistas.

Num discurso de cerca de meia hora, no 2.º Congresso dos Gestores, na Culturgest, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu também que há que prosseguir a “trajetória de rigor orçamental” e procurar “a permanente manutenção do consenso europeu” a médio prazo.

O chefe de Estado falou sobre a “atenção às funções de soberania” a meio da sua intervenção, afirmando: “Aqui foi referida à justiça, mas eu falaria de todas as funções de soberania. São sustentáculos institucionais, são cruciais em termos de custos de contexto”.

“A tentação de, na luta do poder, sacrificar instituições para atingir os seus titulares deve ser refreada, porque a quebra na credibilidade das instituições tende a perdurar no tempo e a sua regeneração é difícil”, advertiu.

Antes, referindo-se ao contexto internacional, o Presidente da República considerou que a onda de movimentos populistas e nacionalistas “está ainda a subir e pode estar para durar”, contribuindo para agravar “a crise já vivida nalguns países europeus e fora da Europa”.

Marcelo Rebelo de Sousa não quis dar como garantido que essa onda de movimentos populistas “nunca chegará a Portugal”, contrapondo: “Podem, a todo o momento, ganhar uma expressão maior na nossa sociedade e no nosso sistema político, económico e social. E como eu tenho repetido vezes sem conta: mais vale prevenir do que remediar”.

“Tenho para mim que a realidade política portuguesa, como as realidades políticas à nossa volta, e portanto as económicas e sociais, estão em mudança muito acelerada. E que esta onda que se enfrenta, mais lá fora do que cá dentro, está para durar”, reforçou.

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