Os extremos tocam-se na hora de atacar Emmanuel Macron. Marine Le Pen, líder da União Nacional e principal figura da extrema direita francesa, e Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, pedem eleições antecipadas. Marine Le Pen pediu, em declarações à France 3, “a dissolução da Assembleia Nacional” e a “convocação de novas eleições legislativas” e disse que, tendo em conta a “gravidade desta crise política”, a única forma de “sair por cima” [desta situação] é “voltar às urnas”. Mélenchon diz que apresentou uma moção de censura para dissolver a Assembleia Nacional e desafia os restantes grupos parlamentares a aderirem à iniciativa.

“Espero que os socialistas apoiam a moção de censura, mas gostaria de contar com o maior número de grupos parlamentares possível”, apelou Mélenchon em declarações à BFM TV. O líder da França Insubmissa admitiu que os partidos à esquerda do En Marche de Macron não estão de acordo em muitas matérias, mas, na questão de censurar o governo, deviam estar unidos. A líder da socialista, Valérie Rabault, disse à AFP na sexta-feira que iria consultar o seu grupo sobre o assunto.

O presidente d’Os Republicanos (partido de centro-direita do ex-presidente Sarkozy), Laurent Wauquiez, pediu ao executivo no domingo para “restabelecer a ordem” depois dos confrontos e desafiou o executivo de Macron a “dar a palavra aos franceses” num referendo.

No balanço final dos confrontos de sábado em Paris, as autoridades francesas apontam para 133 feridos e 412 detenções durante as manifestações dos “coletes amarelos”.

A reação do Eliseu

O Presidente francês, Emmanuel Macron, solicitou ao primeiro-ministro, Edouard Philippe, que receba os líderes dos partidos com assento parlamentar e os representantes dos manifestantes, depois dos episódios de violência registados à margem do protesto dos ‘coletes amarelos’.

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Segundo informação da Presidência, a iniciativa, cuja data não foi divulgada, responde à “preocupação constante pelo diálogo” do executivo.

Durante uma reunião de emergência hoje, no Eliseu, o chefe de Estado também notou a necessidade de que uma “reflexão seja conduzida pelo ministro do Interior [Chistophe Castaner] para a adaptação do dispositivo de manutenção da ordem no futuro”.

O gabinete de Macron tinha já informado que o Presidente não iria falar hoje publicamente sobre os protestos dos ‘coletes amarelos’, franceses de rendimentos baixos, que se têm concentrado, aos milhares, nas ruas de França para exigir alterações nas políticas.

Depois de violentos desacatos no sábado, nomeadamente em Paris e o registo de vandalismo do Arco do Triunfo, foi marcada uma reunião de emergência para hoje, horas depois do regresso de Macron da cimeira de líderes do G30, em Buenos Aires.

Macron deslocou-se hoje ao Arco do Triunfo e foi vaiado por vários manifestantes.

O monumento que é símbolo emblemático de Paris e da própria França foi pintado, o seu museu saqueado e uma estátua partida, à margem dos protestos.

Os últimos dados sobre sábado indicam que 136 mil pessoas se juntaram à mobilização dos ‘coletes amarelos’ e que houve 263 feridos.

No sábado da semana passada tinham saído às ruas 166 mil pessoas.

Em Paris, 412 pessoas foram interpeladas pelas forças de segurança e 378 detidas, segundo um balanço da polícia local, que registou 133 feridos.