Os discursos não galvanizavam e os delegados pareciam estar desligados do decorrer dos trabalhos. Ao longo da tarde deste sábado, o cenário foi quase sempre o mesmo: poucas foram as vezes que os congressistas da Juventude Socialista (JS) se entusiasmaram com alguma intervenção e só a entrega de um requerimento acordou aqueles que, cabisbaixos, ignoravam as movimentações em palco. O documento pedia para suspender o XXI Congresso e, apesar de não cumprir os requisitos formais, paralisou a sala, acabou por ser votado e chumbado.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

“A Mesa vai reunir, peço que não saiam da sala”, anunciou o presidente deste órgão, Tiago Preguiça. A espera foi curta. As conversas interromperam-se automaticamente para ouvir as conclusões da reunião. “Deu entrada um requerimento para interromper os trabalhos deste congresso. Repito, até pela carga emocional, que o requerimento visa interromper os trabalhos deste congresso”, começou por dizer o presidente da Mesa. Seguiu-se o anúncio da decisão: o documento seria votado em plenário. Tiago Preguiça apontou falhas formais ao requerimento – “não é assinado por dez delegados”; “nem é bem um requerimento” – mas, ainda assim, decidiu levá-lo a votos.

“Votaremos tendo em conta o momento político”, justificou.

A decisão da mesa tinha sido tomada por unanimidade e não suscitou críticas dos delegados, que já se preparavam para votar. Com três votos a favor e dez abstenções, o requerimento que tinha sido entregue pelo delegado Felipe Damasceno ao próprio Tiago Preguiça acabou chumbado por uma vasta maioria. No documento, mais do que pedir a impugnação, dava-se conta de que nesta sexta-feira, 14, tinha dado entrada uma providência cautelar no Tribunal Cível de Lisboa. “Tenha-se bem presente, que nos termos do artigo 381.º/3 da Lei Processual Civil, a partir da citação, não é lícito à associação executar a deliberação impugnada”, pode ler-se no requerimento. A notícia já tinha sido avançada esta manhã pelo Observador.

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No fim, depois deste momento que emprestou alguma tensão a uma sala antes adormecida, os delegados respiraram de alívio, de pé e punho em riste. “É jota, é ésse, é JS”, gritaram durante alguns segundos, celebrando assim a derrota de mais uma tentativa de impugnar o XXI Congresso da Juventude Socialista e a eleição de Maria Begonha como próxima secretária-geral.

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