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Temido, Assis e Ana Catarina Mendes encabeçam a lista
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Temido, Assis e Ana Catarina Mendes encabeçam a lista

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Temido, Assis e Ana Catarina Mendes encabeçam a lista

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Pedro Nuno lança Temido, a candidata mais "testada", e nacionaliza europeias: "A seguir ganhamos Portugal"

Habitação com destaque nas promessas do PS a nível europeu. Pedro Nuno puxou pela notoriedade e "empatia" de Temido e prometeu ganhar europeias, para "logo a seguir ganhar Portugal".

A sessão era sobre o manifesto eleitoral do PS às eleições europeias, mas o pôr do sol socialista no Parque das Nações também acabou por ser tomado pelos temas que marcam a atualidade nacional, ou não tivesse sido o líder, Pedro Nuno Santos, o responsável pelo discurso final. Alinhados nas prioridades europeias — nas quais ganha destaque a Habitação — e nos ataques à direita, tanto Marta Temido como Pedro Nuno Santos apontaram a mira à Aliança Democrática e dispararam no plano português e europeu.

Foi assim quando Temido acusou a AD e a sua família europeia de representarem uma “agenda de retrocessos”, assim como de fazerem “concessões à extrema-direita”. E foi assim quando Pedro Nuno Santos correu os pontos em que também acredita que a direita tradicional “incorpora” a agenda da extrema-direita, acabando ao ataque no plano nacional, contra o Governo de Luís Montenegro — cuja popularidade também será testada nas europeias. Talvez por isso Pedro Nuno tenha acabado o discurso gritando a promessa algo enigmática de ganhar as europeias para “logo a seguir” ganhar Portugal.

Por agora, para fazer frente aos adversários da direita, a receita do PS está feita: passa por apostar na notoriedade e “empatia” de uma das políticas portuguesas mais “testadas”. Foi assim que Pedro Nuno Santos apresentou a sua primeira candidata, recorrendo à experiência da pandemia e à forma como, através dessa crise, os portugueses conheceram o seu trabalho. Para o PS, isso fará de Marta Temido a “melhor” cabeça de lista a estas eleições: “Há alguma dúvida?”.

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A ex-ministra que os portugueses “conhecem” e os ataques à direita

Perante uma plateia recheada de dirigentes socialistas — e alguns eurodeputados que deixarão de constar da lista, alvo de uma razia completa, o que causou desconforto no partido — Pedro Nuno Santos começou por dedicar-se precisamente ao elogio de Marta Temido, candidata que o PS acredita ser a chave para ganhar popularidade.

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“Como sempre, apresentamos a melhor lista, os melhores candidatos e a melhor cabeça de lista”, começou por atirar, garantindo que a forma como Portugal “lidou com esse momento” fez a diferença relativamente a outros países. “Foi um governo que soube estar à altura. Obviamente liderados por um grande político como António Costa, mas com uma grande ministra da Saúde, Marta Temido”.

Essa memória de Temido na pandemia foi chave para a sua escolha como cabeça de lista, como ficaria claro pelo discurso de Pedro Nuno. “Apresentamos alguém que os portugueses conhecem, sabem como trabalha e lida com momentos de tensão, incerteza e dificuldade. Poucos  fomos testados como Marta Temido. Os portugueses criaram essa relação com Marta Temido e sabem o que foi na governação e será no Parlamento Europeu”. Partindo daí, elogiou-lhe a experiência política e de liderança, com “empatia, respeito, afetividade mas capacidade e assertividade”.

Ao lado de Temido, Pedro Nuno fez eco às críticas contra a direita e a sua associação à extrema-direita e respetivas prioridades — mais um tema em que conseguiu fazer a ligação à política nacional. Começou por defender que “só os socialistas travam sem hesitação” o combate à extrema-direita em toda a Europa e também em Portugal, apesar de o PS já ter ouvido muitas acusações sobre ajudar a insuflar o Chega; passou a criticar a direita tradicional por “incorporar” a agenda desta em pontos como a “diabolização” dos imigrantes ou os votos contra “direitos das mulheres” (referiu, tal como Temido, a posição desfavorável da direita à inclusão do aborto na Carta dos Direitos Fundamentais da UE).

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Depois, o líder socialista passou à política nacional pura e dura. Justificou um PS que está no Parlamento a “defender a sua visão”, para explicar as medidas que tem conseguido aprovar com “orgulho” ao lado da esquerda e do Chega. Atacou o governo que se dizia que seria de “combate”, ironizou, e que hoje é de “combate contra toda a gente, o governo anterior, gestores públicos com provas dadas”.

E foi ao tema do dia: depois de o PSD se ter “antecipado” e aprovado uma medida apresentada pelo PS — a exclusão dos rendimentos dos filhos dos idosos como critério de acesso ao Complemento Solidário para Idosos — o secretário-geral socialista disse-se “feliz” pela aprovação da proposta e disparou uma farpa: “Não tem mal nenhum. Ficamos gratos que finalmente ao fim de 20 anos o PSD tenha percebido a importância do CSI”.

Seria no final da sua incursão por temas nacionais que Pedro Nuno deixaria uma espécie de promessa eleitoral mais misteriosa: “Vamos ganhar as europeias para logo a seguir ganharmos Portugal”, gritou. Resta saber se foi um mero recurso retórico ou mesmo confiança em que haverá eleições antecipadas.

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“Missões” do PS incluem plano europeu para a Habitação

A Marta Temido coube, naturalmente, apresentar mais em concreto o manifesto eleitoral do PS para as eleições europeias e explicar as propostas que o partido traz para esta campanha. Mas também passou por um ponto comum ao discurso de Pedro Nuno Santos: as críticas ferozes e repetidas à direita portuguesa e europeia, que o PS quer usar para traçar uma linha de diferenciação em relação a essa direita tradicional, mas também à extrema-direita.

Foi nesse sentido que Temido subiu ao palco e avisou para um “combate urgente” que, defendeu, é preciso travar contra “inúmeras ameaças ao projeto europeu”, concretamente de forças populistas e eurocéticas. Ora o PPE, família europeia que inclui o PSD e o CDS, é responsável por “concessões” a essas forças, acusou, particularmente nas propostas relativas ao direito de asilo, com propostas que “violam convenções internacionais e põem em causa os direitos humanos.

Depois, incluiu o plano nacional no assunto: “Não faltam exemplos de que a AD e a sua família europeia representam uma agenda de retrocessos”, disparou, criticando o chumbo do projeto que o Bloco de Esquerda apresentou no Parlamento português para reconhecer o aborto como direito na Carta de Direitos Fundamentais da UE.

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Ora a proposta alternativa do PS foca-se em pontos como a Habitação, que quer tratar numa perspetiva europeia — justificando sempre, como Pedro Nuno também fez, que o problema não é um exclusivo português nem acontece apenas com governos socialistas. Marta Temido defendeu que a UE tem tido uma “visão recuada das suas competências na Saúde e na Habitação”, áreas onde se deve mostrar mais “determinada”, antes de avançar com a proposta para um “plano europeu para a Habitação acessível” que, na ideia dos socialistas, se deve focar em Habitação para as classes médias e não apenas a nível social.

Temido apresentou outras propostas concretas, misturadas com intenções de fundo. No plano das políticas sociais, o PS quer apostar num complemento europeu ao subsídio de desemprego e um fundo europeu de apoio à reconversão profissional. Promete estar atento à preservação dos “valores” europeus, contribuindo para aperfeiçoar mecanismos de verificação do Estado de Direito — não só para novos candidatos à UE, mas também para um acompanhamento “permanente” dos atuais membros, incluindo no “condicionamento para o desembolso de fundos”.

Neste ponto, Temido deu o exemplo da Hungria de Viktor Orbán e foi aplaudida). E foca-se em propostas concretas e recorrentes no plano europeu, como a aposta no aumento dos recursos próprios da UE (através de uma taxa sobre as transações financeiras ou grandes plataformas digitais para aumentar os recursos financeiros).

No discurso, que tocou nove “missões” que os socialistas estabelecem como prioritárias, Temido defendeu uma postura “humanista e realista” na imigração — prometendo que o PS estará “muito atento aos desafios e riscos” que decorrem da aplicação do novo Pacto das Migrações — e igual atenção ao regresso das regras orçamentais europeias, que devem agora aplicar-se de forma mais flexível consoante a realidade de cada Estado-membro. A candidata socialista fez, de resto, questão de frisar e elogiar a forma “diametralmente oposta” como a Europa respondeu às mais recentes crises, por comparação à de 2008, defendendo que há sempre “alternativa”.

A defesa da Ucrânia e de um cessar-fogo no Médio Oriente foi repetida em vários momentos, assim como a necessidade de uma reforma das instituições que acompanhe um alargamento da UE sobre o qual o PS diz agora não ter dúvidas — apesar de António Costa ter, no seu tempo enquanto primeiro-ministro, chegado a expressar várias reservas sobre o assunto. “Não podemos descansar enquanto houver bombas a cair em solo europeu”, dispararia Temido, com a concordância de Pedro Nuno, minutos depois. As prioridades estão definidas. Estas referem-se ao plano europeu — mas sempre com o plano nacional, e a forma como este será afetado pelos resultados das europeias, na mira.

 
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