Quem quiser visitar os destroços do Titanic vai ter de desembolsar tanto dinheiro quanto os viajantes em 1912 tiveram de pagar para entrar em primeira classe no cruzeiro inaugural do navio. De acordo com a OceanGate, a empresa que fará as viagens ainda este ano, um bilhete para viajar de Southampton (Inglaterra) a Nova Iorque (Estados Unidos) a 10 de abril de 1912 custou o equivalente a 92 mil euros. Já tendo em conta a inflação, isso é tanto quanto custou um bilhete em primeira classe no Titanic: à época, cada viajante teve de pagar 4.350 dólares — hoje o mesmo que 105.129 dólares — para embarcar no navio que terminou no fundo do Atlântico após ter colidido com um icebergue.

Posted by OceanGate Expeditions on Monday, June 19, 2017

Essas são as contas da OceanGate, que promete levar os primeiros curiosos até ao que resta do Titanic já este verão a bordo de um submersível. A companhia especifica que a expedição deve arrancar em junho de 2019 a partir de Terra Nova — uma ilha no Atlântico que pertence ao Canadá — a bordo de um submarino com capacidade para 30 pessoas, incluindo cinco turistas e uma equipa de cientistas.

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Há seis missões agendadas. A primeira decorrerá entre 27 de junho e 6 de julho. Há outras expedições marcadas para entre 5 e 14 de julho, entre 13 e 22 de julho, e entre 6 e 15 de agosto, mas todas elas estão completamente cheias. Só há duas expedições que ainda estão a aceitar candidaturas: uma acontece de 21 a a 30 de julho e outra vai de 29 de julho a 7 de agosto.

Cada missão leva nove especialistas a bordo mas todos têm de obedecer a sete requisitos: saber usar pequenos barcos em mar picado, ter pelo menos 18 anos, saber lidar bem com mudanças radicais de planos, estar em boas condições físicas — trepar uma escada com 2 metros e levantar pesos com 9 kg de massa com facilidade –, entrar num curso de Escape de Helicóptero Subaquático (HUET), ter um passaporte válido que permita entrar e sair do Canadá e ser capaz de viver a bordo de um navio de expedição por sete noites. Se estiver dentro do grupo que obedece a todos estes aspetos, pode aceder a esta página para se inscrever.

Sixgill Shark Captured on 2D Sonar

OceanGate relies on @TeleydneMarine BlueView sonar technology for our entire fleet of manned submersibles. Sonar scanning is capable of identifying small, and not so small objects, such as this Sixgill shark lurking in the depths of Elliot Bay. 2D sonar scanning plays a crucial role in the safe navigation of manned submersibles by expanding the pilot’s field of view and ability to identify obstacles up to 300 meters away in places with zero visibility. #CelebrateSharkWeek #OceanExploration

Posted by OceanGate Expeditions on Monday, July 23, 2018

As expedições estão a ser preparadas há dez anos. E não pretendem ser apenas uma manobra turística, garante a OceanGate: “Dada a escala maciça do naufrágio e do campo de destroços, múltiplas missões realizadas ao longo de vários anos serão necessárias para documentar e modelar completamente o naufrágio. Este levantamento longitudinal para recolher imagens, vídeos e dados de sonar fornecerá uma base objetiva para avaliar a deterioração do naufrágio ao longo do tempo e ajudar a documentar e preservar a histórico submersa”, diz a empresa na página da Internet.

Das viagens até aos destroços do Titanic, encontrados em 1985 a quatro mil metros de profundidade, a OceanGate espera concretizar quatro objetivos: criar um modelo tridimensional dos destroços, captar mais imagens e dados que possam complementar as investigações científicas feitas até agora, documentar as condições do navio 107 anos depois de ter sido destruído e estudar a fauna e a flora que fez do Titanic o novo habitat. Tudo isto “de forma respeitosa e de acordo com as diretrizes da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) para a Pesquisa, Exploração e Salvamento do RMS Titanic”, ressalva a empresa.

Esta pode mesmo ser a última oportunidade para visitar o Titanic. De acordo com a BBC, há bactérias envolvidas na criação de ferrugem que estão a consumir o casco do navio e que o podem destruir em 20 anos. Qualquer turista que se aventure nas profundidades do Atlântico vai ser o primeiro a olhar para o Titanic do perto. Mas também pode ser o último.