A Lusa lança esta quinta-feira um site dedicado ao tema das notícias falsificadas, as chamadas ‘fake news’, que durante este ano vai disponibilizar integralmente todos os artigos produzidos pela agência, promovendo o debate.

O site combatefakenews.lusa.pt vai disponibilizar notícias, entrevistas, estudos, notícias sobre legislação europeia, ‘dossiers’, entre outras peças, sobre o tema.

Num ano marcado por eleições europeias, propício a um aumento de eventuais notícias falsas, a agência portuguesa, em parceria com a congénere espanhola EFE, vai debater a questão das ‘fake news’, organizando duas conferências, uma a realizar em Lisboa dia 21 de fevereiro, na Culturgest, e outra em Madrid em data a anunciar.

“Sabemos que as ‘fake news’ são um mundo enquanto tema em si” e nesse sentido, “a Lusa, com a EFE, decidiu fazer uma conferência” sobre o assunto, explicou a diretora de Informação da Lusa, Luísa Meireles, salientando que o item está na ordem do dia. “Achámos que num ano eleitoral, em que líderes europeus e portugueses alertam para a possibilidade cada vez maior de haver notícias falsamente verdadeiras que podem desvirtuar”, seria uma boa altura para discutir o tema.

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Além das eleições europeias, decorrem também este ano as eleições legislativas e as regionais, na Madeira. “É um ano particularmente propício a este ‘boom’ de eventuais notícias falsas”, apontou a diretora de informação. Por isso, disse, “entendemos que nós deveríamos tomar a iniciativa, deveríamos pelo menos dar um pontapé na bola para que se pudesse discutir isto em vários planos”, acrescentou a diretora de informação da Lusa.

Mas o debate também se irá estender ao setor dos media. “O que é que nós podemos fazer? E também, do ponto de vista operacional, para nos ensinar e para nos mostrar que há armas possíveis para combater” as ‘fake news’. Esta conferência “é bastante importante” e “penso que terá algum eco”, concluiu Luísa Meireles.

O fenómeno das notícias falsificadas ou manipulação ganhou relevo com as eleições nos Estados Unidos e a alegada influência na vitória de Donald Trump ou ainda no referendo ao ‘Brexit’ ou nas eleições de Jair Bolsonaro, no Brasil.

O Parlamento Europeu quer tentar travar estes fenómenos nas eleições europeias de 2019 e, em 25 de outubro, aprovou uma resolução na qual defende medidas para reforçar a proteção dos dados pessoais nas redes sociais e combater a manipulação das eleições, após o escândalo do abuso de dados pessoais de milhões de cidadãos europeus.

A expressão, traduzida literalmente do inglês, significa “notícias falsas”, embora esta definição, para os jornalistas, seja uma contradição: se for mentira ou falsificada (outro significado de ‘fake’), não é notícia. Em alternativa, pode também dizer-se “informações falsificadas”, conceito que remete para manipulação.