Os New England Patriots venceram a 53ª Super Bowl, na finalíssima com menos pontos marcados da história da NFL, a liga de futebol americano. O resultado final — 13 pontos para os Patriots e 3 para os Los Angeles Rams — fez de Tom Brady, o quarterback dos Patriots, o jogador com mais troféus de sempre: 6 anéis de campeão em nove aparições na Super Bowl (incluindo as últimas três).

Para terminar uma época que teve vários jogos com número inusitado de pontos — incluindo um festim ofensivo 54-51 num Chiefs-Rams — a Super Bowl tinha, pois claro, de ser um jogo em que as defesas estiveram mais inspiradas do que as equipas ofensivas.

Estes foram os melhores momentos desta Super Bowl.

A noite não começou bem para Tom Brady, que viu o primeiro passe que tentou ser intercetado — com uma má opção por um passe que saiu mal colocado. No ressalto, a bola foi recolhida por um defesa dos Los Angeles Rams.

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Os Los Angeles Rams conquistaram a posse de bola mas não conseguiram fazer grandes progressos, o que acabaria por ser um prenúncio de uma noite muito pouco inspirada para Jared Goff e os Rams. Os Patriots voltaram a receber a bola, mas este drive acabaria por terminar com um field goal falhado — nas 46 jardas — pelo veterano Steve Gostkowski, que já tinha falado pontapés importantes nas duas Super Bowls anteriores.

Na posse de bola seguinte para os Patriots (Rams voltaram a não ter ideias e a executar mal), Gostkowski já não falhou — mas a jogada decisiva para levar os Patriots para uma distância suficientemente próxima para o 3-0 foi este passe para o pequeno genial Julian Edelman, um wide receiver que jogava como quarterback na faculdade.

Ainda na primeira metade, face à ineficácia da ofensiva dos Rams, os Patriots mantiveram o controlo do jogo e voltaram a aproximar-se da endzone dos Rams. Mas a defesa dos Rams conseguiu impedir uma tentativa de conversão de um 4th down, que só precisava de uma jarda para que o drive prosseguisse.

A segunda metade começou com Jared Goff tão desinspirado quanto dantes. Com a defesa de Los Angeles a começar a dar sinais de cansaço, Tom Brady foi capaz de encontrar receivers desmarcados com cada vez maior frequência. Edelman teve um jogo enorme.

Os Rams tinham poucas razões para sorrir e um homem que teve uma noite cheia de trabalho foi Johnny Hekker, o punter que conseguiu tirar os Rams da sua própria endzone e chutou a bola 65 jardas, afastando a pressão dos Patriots. Foi o punt mais longo da história da Super Bowl.

Os Los Angeles Rams tiveram algum ímpeto ofensivo no terceiro quarter e tiveram hipótese de saltar para a frente do marcador com um longo passe de Jared Goff para Brandin Cooks, o wide receiver que alinhava pelos Patriots no ano passado. Goff achou Cooks sozinho na endzone dos Patriots, mas o passe saiu um pouco tarde demais — o que deu tempo ao defesa Devin McCourty para defender o passe e evitar o touchdown.

Os Patriots conseguiram evitar esse touchdown e lograram, também, interromper o progresso dos Rams, num drive que já tinha levado a equipa de Los Angeles para uma boa distância para tentar um field goal. Mas no third down, numa ótima jogada defensiva pelos Patriots, Jared Goff fez aquilo que não podia fazer — tomou um sack de Donta Hightower e recuou no campo, complicando a vida para o seu kicker — que, mesmo assim, conseguiu empatar o jogo (3-3) com um field goal.

Com o jogo empatado e com a defesa dos Rams mais cansada do que a dos Patriots (New England dominou o tempo de posse de bola), Tom Brady executou um drive perfeito que incluiu vários passes para Julian Edelman e esta maravilha para o seu tight end, Rob Gronkowski, uma força da natureza que poderá ter feito o último jogo de uma carreira brilhante mas sempre atormentada por problemas na coluna. Por pouco Gronk não conseguia marcar touchdown.

Logo na jogada seguinte, o único touchdown do jogo, uma simples corrida de uma jarda pelo running back Sony Michel. Patriots 10-3.

Na reação, os Rams conseguiram, finalmente, algum progresso sólido em campo, designadamente este screen pass para o ex-Patriot Brandin Cooks.

Neste mesmo drive, Cooks acabaria por ter uma oportunidade de ouro para voltar a empatar a partida. Jared Goff atirou um passe perfeito, para touchdown, e Cooks não conseguiu segurar a bola, estando cercado por dois defesas. A jogada seguinte foi decisiva: Goff tentou novamente um passe longo para Cooks, para touchdown, mas desta vez o defesa Stephon Gilmore estava posicionado mesmo no sítio certo para intercetar a bola.

Novamente com a bola mas muito recuados no campo, os Patriots precisavam de só mais um bom drive, que esgotasse o que restava dos 60 minutos de tempo regulamentar e impedisse que os Rams voltassem a conquistar a posse de bola. Brady e companhia conseguiram isso e bastante mais: os Patriots acabaram por progredir no terreno ao ponto de conseguirem marcar mais um field goal, que “matou” o jogo: 13-3. Resultado final.

Com 10 receções para 141 jardas, Julian Edelman recebeu a distinção de MVP da Super Bowl. Nada mau para um atleta a quem não foi oferecida qualquer bolsa de estudo desportiva quando saiu do liceu; na Universidade de Kent State acabaria a jogar a quarterback; só recebeu um passe em toda a carreira universitária; não foi convidado para o combine (uma espécie de mini-olimpíadas com os novatos acabados de sair da faculdade); e foi escolhido na sétima ronda do draft (ou seja, mais de 200 jogadores foram escolhidos à sua frente naquele ano).

Numa carreira que dava um filme, Edelman tem três anéis de campeão da Super Bowl e foi, mais uma vez, o alvo favorito de Tom Brady — que já tinha dito antes do jogo que, ganhasse ou perdesse, não fazia qualquer plano de “pendurar as botas”. Para o ano haverá mais.