Depois de duas tentativas para impedir o lançamento de “Graças a Deus” que aborda um caso real de pedofilia na igreja católica, o filme chega esta quarta-feira às salas de cinema em França, um dia antes do início da reunião no Vaticano sobre os abusos sexuais na igreja.

Os advogados do padre Bernard Preynat, principal suspeito do caso de pedofilia retratado no filme do realizador François Ozon, tentaram pedir que este não fosse lançado até ser concluído o julgamento de Preynat. No entanto, esta segunda-feira um tribunal de Paris autorizou a projeção do filme nos cinemas.

Cardeal francês Philippe Barbarin nega encobrimento de caso de abuso sexual

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No filme é relatado o nascimento da associação de vítimas, La Parole Libérée, fundada em 2015 em Lyon, França, por um conjunto de jovens escuteiros que acusam Preynat de ter abusado sexualmente deles durante anos. O filme retrata também o facto de a Igreja ter ficado em silêncio, mesmo tendo conhecimento dos casos.

Além do caso do padre Bernard Preynat, também é feita referência ao cardeal francês Philippe Barbarin, que já tinha negado as acusações referentes ao encobrimento de casos de abusos sexuais. Também Régine Maire, ex-voluntária da diocese de Lyon, é mencionada no filme por, supostamente, ter silenciado os abusos.

Apesar das fortes acusações e do lançamento de “Graças a Deus”, Preynat ainda não foi julgado. Até ao momento, dois bispos foram condenados em França em casos semelhantes: o bispo de Bayeux-Lisieux, em 2001, e o ex-bispo de Orleans em 2018.