O Parlamento da Argélia confirmou o presidente do Senado, Abdelkader Bensalah, como Presidente interino do país, após a saída de Abdelaziz Bouteflika, que governou o país durante 20 anos e que abandona agora o poder na sequência de uma série de protestos populares.

“O dever nacional exige-me que aceite esta pesada responsabilidade de guiar uma transição que irá permitir ao povo argelino o exercício da sua soberania”, declarou Bensalah, de acordo com a Al Jazeera.

Vou trabalhar para perceber os interesses das pessoas. Esta é uma grande responsabilidade que me é imposta pela Constituição”, afirmou o agora Presidente interino.

Bensalah deverá agora ocupar o cargo durante os próximos 90 dias, prazo durante o qual deverá garantir que são marcadas e preparadas novas eleições. O Presidente interno está proibido de se candidatar.

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Milhares de manifestantes nas ruas de Argel pedem o afastamento de Bouteflika

Presidente da câmara alta até agora, Bensalah é visto como um homem-forte de Bouteflika, razão pela qual a sua nomeação não agrada a muitos dos manifestantes que saíram à rua nas últimas semanas, em protestos populares promovidos por jovens argelinos que pediam uma maior democratização do país. Por essa mesma razão, revela a France 24, após o anúncio centenas de estudantes saíram à rua na capital de Algiers, gritando palavras de ordem como “Bensalah, sai”.

Também o editorial do jornal El Moudhahid, geralmente próximo do poder, apontava esta terça-feira para a proximidade de Bensalah a Bouteflika, segundo conta o francês L’Obs: “Esta personalidade não é tolerada pelo movimento cidadão, que exige a sua partida imediata, mas também pela oposição e parte dos representantes das formações políticas da maioria das duas câmaras do Parlamento.”

O general Ahmed Gaid Salah, que retirou o seu apoio a Bouteflika na semana passada — o que terá contribuído para a queda do ditador —, também se pronunciou esta terça-feira. Na sua declaração pública, citada pelo El Moudhahid, Salah reforçou que o Exército “vai enfrentar desafios significativos de forma firme e resoluta” e sublinhou a necessidade de o país “gozar a paz”, relembrando que a Argélia tem “um Exército poderoso”.