A Confederação das Associações Económicas (CTA), maior entidade patronal moçambicana, apelou esta quarta-feira para uma intervenção urgente visando acabar com a violência xenófoba que se regista na África do Sul.
“Dada a situação que prevalece na África do Sul, o setor privado apela para uma intervenção urgente dos governos de modo a pôr fim a estes tumultos”, disse Castigo Nhamane, vice-presidente da CTA, em conferência de imprensa.
Uma nova onda de violência e pilhagens contra estrangeiros iniciou-se na África do Sul este fim de semana, com maior incidência em Joanesburgo e Pretória. Além do saque a dezenas de lojas, as autoridades relataram o assassínio de um civil em circunstâncias que ainda não estão claras. O vice-presidente da CTA assinalou que a situação traz prejuízos à economia da África do Sul e da África austral, principalmente devido ao seu impacto na circulação de pessoas e bens.
Os dados preliminares na posse da CTA indicam que 300 camiões de transportadores moçambicanos paralisaram as suas atividades desde o dia 20 de agosto. “Com esta situação, os transportadores estão a acumular prejuízos à média diária de um milhão de dólares americanos e, se incluirmos os transportes de passageiros, as perdas podem atingir uma média diária de três milhões de dólares”, disse Castigo Nhamane.
Os empresários moçambicanos repudiam a “onda de barbaridade e de extremismo” que se vive na África do Sul, num momento em que a região e o continente caminham rumo à efetivação de uma Zona de Comércio Livre Continental, cujos benefícios seriam repartidos entre os países, concorrendo para um desenvolvimento equilibrado de África, disse.
“A CTA considera que estes acontecimentos xenófobos prejudicam a paz, concórdia, estabilidade e o desenvolvimento harmonioso dos nossos países, afetando famílias, empresas e a sociedade no seu todo”, acrescentou. Para a CTA, a violência mina o sonho de uma África unida e o tributo a todos que no passado uniram esforços para erradicar o ‘apartheid’ e toda a forma de discriminação.
Castigo Nhamane referiu que a situação atingiu “proporções alarmantes” em algumas cidades, vitimando imigrantes que estão à busca de oportunidades de emprego e de melhores condições de vida.