Depois de uma semana com compromissos para a Taça da Liga inglesa que permitiram rodar a equipa e dar minutos aos jovens da formação e aos elementos menos utilizados do plantel, o Liverpool visitava o Sheffield United antes de receber o RB Salzburgo já na terça-feira, na segunda jornada da Liga dos Campeões. O objetivo, acima de todos os outros, era chegar à sétima vitória em sete jogos na Premier League, garantir desde já a manutenção da vantagem em relação ao Manchester City e seguir caminho na demanda de conquistar a liga inglesa depois de 30 anos de marasmo.
Para isso, Jürgen Klopp regressava àquele que é atualmente o onze tipo dos reds, com a tripla Salah-Mané-Firmino na frente, Wijnaldum, Fabinho e Henderson no meio-campo e Van Dijk e Matip ladeados por Alexander-Arnold e Robertson nas laterais da defesa. Em teoria, a visita ao recém-promovido Sheffield poderia até ser um brinde depois de quatro semanas seguidas em que o Liverpool teve de enfrentar adversários empiricamente mais complicados (Arsenal, Burnley, Newcastle, Chelsea), mas a história ensinava-nos que a tarefa poderia ser mais bem difícil do que o esperado. A verdade é que Bramall Lane, o estádio do Sheffield, é um de apenas três recintos onde os reds nunca venceram na Premier League — a par do City Ground do Nottingham Forest e de Bloomfield Road, do Blackpool. Ao quarto jogo em Bramall Lane, o Liverpool ainda procurava o primeiro resultado positivo.
3 – Bramall Lane is one of only three grounds Liverpool have played at without winning in the Premier League (three games), along with Nottingham Forest’s City Ground (five games) and Blackpool’s Bloomfield Road (one game). Today is their first visit since August 2006. Unhappy. pic.twitter.com/qQwwUfMgXL
— OptaJoe (@OptaJoe) September 28, 2019
E além de estar respaldado pela história, o Sheffield trazia também na bagagem uma convincente vitória fora perante o Everton de Marco Silva (0-2), um dos candidatos a incomodar os big six ingleses, e um surpreendente sétimo lugar naquela que é a primeira temporada do clube na Premier League desde 2006 (com os mesmos pontos de Chelsea, Manchester United e Tottenham, por exemplo). O conjunto orientado por Chris Wilder é notoriamente destemido e foi assim que se apresentou este sábado, ao assumir desde logo a vontade de lutar pelo resultado e fazer o primeiro remate enquadrado da partida, por intermédio de McBurnie. O Liverpool demorou a colocar alguma velocidade na partida, privilegiando sempre o controlo das ocorrências com uma posse de bola ponderada e lenta, e só construiu a primeira oportunidade já depois da meia-hora: Van Dijk, com um passe que atravessou o campo todo, descobriu Mané a desmarcar-se mas o avançado deixou a bola fugir e rematou muito ao lado quando já estava na cara do guarda-redes (34′).
A ocasião desperdiçada por Mané injetou alguma energia nas movimentações do Liverpool, que ainda assim estava mais focado em aproveitar os erros e as perdas de bola do Sheffield para avançar em transição. Foi assim que o avançado senegalês voltou a estar perto de inaugurar o marcador, depois de um passe errado de Flack, com Salah a conduzir e Firmino a assistir Mané, que acertou no poste (42′). Na ida para o intervalo, o Sheffield estava bem na partida e ia impedindo que o Liverpool assentasse arraiais no seu meio-campo defensivo mas a verdade é que existia a ideia latente, ainda que contraditória, de que a equipa de Chris Wilder estava sempre mais perto de sofrer um golo quando se alongava no relvado e procurava a baliza de Adrián: isto porque assim que perdia a bola era apanhada em contra pé por parte do Liverpool, que se lançava em velocidade através dos três elementos da frente.
Na segunda parte, o Liverpool subiu as linhas e tentou jogar sempre mais perto da baliza de Henderson — nesta altura, era o Sheffield que procurava o cinismo que a equipa de Klopp apresentou no primeiro tempo, resguardando as investidas ofensivas para o contra-ataque e para as transições rápidas, colocando o principal foco na defesa do nulo do marcador. Foi num desses lances de contra golpe que Norwood assustou Adrián, com um remate de muito longe que obrigou a uma defesa apertada (64′), e o treinador do Liverpool reagiu com a entrada de Origi para o lugar do capitão Henderson.
Ainda assim, e a apesar da entrada de um quarto homem de ataque, a verdade é que a estratégia de Jürgen Klopp estava totalmente montada a pensar num erro do Sheffield: um erro num passe, um erro numa transição, um erro de perceção. O tão aguardado erro, que acabou por valer a sétima vitória consecutiva do Liverpool na Premier League, chegou por intermédio do guarda-redes Henderson. Depois de um pontapé de canto, a bola sobrou para a entrada da área e para Wijnaldum, que rematou forte mas para o centro da baliza; Henderson, que parecia ter tudo controlado, deixou a bola fugir pelo meio das pernas e permitiu o golo do holandês (70′).
Até ao final, Salah ainda teve tudo para aumentar a vantagem — Henderson redimiu-se e realizou uma grande defesa com o pé — mas o Liverpool foi mesmo para casa com uma vitória pela margem mínima. Ainda assim, e com a total noção de que realizou o jogo mais sofrível da atual temporada, a equipa de Jürgen Klopp garantiu a manutenção da vantagem sobre o Manchester City e vai receber o Salzburgo, em Anfield, sobre uma vitória e depois de um encontro em que apresentou serviços mínimos. Pelo meio, Henderson deu um frango que fica para a história e que fez história, já que garantiu o primeiro resultado positivo de sempre do Liverpool em Bramall Lane.