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Silas queria imitar o hóquei mas só conseguiu calçar os patins da Taça (a crónica do Alverca-Sporting)

Este artigo tem mais de 4 anos

O treinador disse durante a semana que queria reproduzir no futebol do Sporting os feitos do hóquei. Acabou a perder pela primeira vez, a ser eliminado da Taça na 3.ª eliminatória e esvaziou a época.

O Alverca marcou um golo na primeira parte e outro na segunda
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O Alverca marcou um golo na primeira parte e outro na segunda

EPA

O Alverca marcou um golo na primeira parte e outro na segunda

EPA

Há duas semanas, quando o Sporting recebeu e venceu o LASK na fase de grupos da Liga Europa, o consenso entre as vozes que se levantaram elegia a pausa para os compromissos das seleções como o melhor que poderia ter acontecido nessa altura aos leões e a Silas. Depois da saída de Leonel Pontes e da entrada do antigo treinador do Belenenses SAD, o Sporting ganhou duas vezes seguidas para duas competições diferentes e enterrou um período temporal de um mês sem vencer. Ainda que ambos os resultados tenham sido tangenciais e sofríveis, o mais importante era mesmo a sensação de vitória: e a ideia de que Silas tinha agora duas semanas para assentar ideias, projetos e modelos.

Nessas duas semanas, porém, o treinador não teve à disposição vários titulares, todos ao serviço das respetivas seleções, e teve de trabalhar essas ideias, projetos e modelos com muitos jogadores da formação. Algo que levou Silas, substituto de Leonel Pontes, a trabalhar precisamente com Leonel Pontes, que substituiu: os dois técnicos, interino e efetivo, trocaram cromos sobre a equipa principal e as camadas jovens ao longo de duas semanas e o substituído ajudou e apoiou o substituto a montar e a preparar um plantel para a visita ao Alverca.

Ficha de jogo

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Alverca-Sporting, 2-0

Terceira eliminatória da Taça de Portugal

Complexo Desportivo do FC Alverca, em Alverca

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)

Alverca: João Bravim, Jorge Bernardo, Ronaldo, André Duarte, André Dias (João Luís, 76′), Luan (Ibraima Só, 60′), Rafa, Andrezinho, Flávio Castro, Erick Mendes, Alex (Rick Sena, 87′)

Suplentes não utilizados: Lázaro, Semedo, João Freitas, Filipe Godinho

Treinador: Vasco Matos

Sporting: Maximiano, Rosier, Ilori, Neto, Borja (Acuña, 59′), Doumbia, Eduardo (Bruno Fernandes, 45′), Miguel Luís, Jesé (Bolasie, 59′), Vietto, Luiz Phellype

Suplentes não utilizados: Renan, Ristovski, Plata, Mathieu

Treinador: Silas

Golos: Alex (10′), Luan (55′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Luís Neto (66′), Alex Apolinário (70′), Acuña (75′), Rafa Castanheira (90+3′), Bruno Fernandes (90+3′)

Afinal, esta quinta-feira — e apesar de todos os internacionais, mais ou menos utilizados, já estarem às ordens de Silas –, o Sporting funcionava principalmente à base daqueles que permaneceram em Alcochete nas últimas duas semanas. O jogo da terceira eliminatória da Taça de Portugal, onde os leões entravam enquanto detentores do título e protagonistas das duas finais mais recentes, permitia ao treinador colocar em campo jogadores menos utilizados, explorar opções, encontrar soluções e, pelo meio, somar a terceira vitória consecutiva e a terceira vitória em três jogos desde que chegou a Alvalade.

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Ora, tudo isto foram as últimas duas semanas do futebol do Sporting a nível desportivo. A nível institucional e financeiro, as últimas duas semanas do Sporting tiveram uma Assembleia-Geral da SAD que foi mais pacífica do que o esperado, uma Assembleia-Geral de sócios onde a contestação à Direção e a Frederico Varandas esteve em primeiro plano e o ressurgimento de Bruno de Carvalho nas redes sociais (desta vez, não no Facebook mas no Instagram). Quer isto dizer que, apesar do alívio da asfixia que se vivia a nível desportivo, a pressão que se verifica em Alvalade a nível institucional em nada se alterou nas últimas duas semanas.

Cumprindo o que seria de esperar, Silas deixou os internacionais no banco de suplentes — incluindo Acuña e Bruno Fernandes — e ainda poupou Mathieu e Bolasie, que também saíam do onze. Luís Maximiano era o dono da baliza, Rosier, Ilori, Neto e Borja formavam a linha defensiva, Doumbia era o médio mais recuado, Miguel Luís tombava na direita e Eduardo na esquerda e Luiz Phellype era o homem mais adiantado, apoiado por Jesé de um lado e Vietto do outro. A maior personificação da revolução operada por Silas no onze leonino era mesmo o braço onde ia parar a braçadeira de capitão: Miguel Luís, que se estreou pela mão de José Peseiro há mais ou menos um ano precisamente no Complexo Desportivo de Alverca e na Taça de Portugal mas contra o Loures, era esta quinta-feira o líder da equipa dentro do relvado.

Ainda que o primeiro remate do encontro tenha pertencido ao Alverca — Erick atirou por cima (2′) –, o Sporting depressa tomou o controlo do jogo e parecia decidido a não deixar que a eliminatória se decidisse sozinha. Luiz Phellype ficou perto de inaugurar o marcador logo depois da tentativa dos ribatejanos, ao desviar um livre ao primeiro poste (3′), e os leões demonstravam uma dinâmica ofensiva saudável que se prendia com o envolvimento de Miguel Luís na construção, as arrancadas individuais de Jesé e o jogo interior de Vietto. Mais à frente e mais na faixa central, Luiz Phellype estava algo perdido e com erros posicionais, desperdiçando diversas vezes lances que os colegas de equipa criavam nas costas. O Sporting poderia ter chegado à vantagem tanto por intermédio de Borja (5′) como de Vietto (6′), com o guarda-redes João Bravim a ficar em evidência, mas acabou por ser o Alverca a inaugurar o marcador.

Num lance em que a defesa leonina foi demasiado passiva para conter uma transição ofensiva muito rápida do Alverca, Alex Apolinário apareceu numa autêntica carreira de tiro à frente da baliza de Maximiano e atirou de fora de área para fazer o primeiro (10′), sem o jovem guardião pudesse evitar a desvantagem. Aos dez minutos de jogo, o Sporting estava a perder em Alverca e tinha agora de empreender uma remontada para permanecer na Taça de Portugal. A equipa de Silas encostou o adversário ao próprio meio-campo e à própria baliza mas as oportunidades escassearam, tanto porque o setor ofensivo leonino se atrapalhava como porque o Alverca ia conseguindo estagnar o jogo interior leonino, empreendendo uma pressão muito alta e intensa e obrigando a lateralizações. No final da primeira parte e depois do golo, tinha sido a equipa ribatejana a ficar mais perto de aumentar a vantagem, com um pontapé de bicicleta de Erick que Maximiano defendeu por instinto (45′), do que o Sporting a empatar.

No início da segunda parte, Silas tomou a decisão que terá tentado adiar e evitar mas que se ia tornando inevitável: tirou Eduardo, que cumpriu uma primeira parte para lá de apagada, e lançou Bruno Fernandes, que depois de estar nos dois jogos da Seleção Nacional na última semana tinha agora de se aplicar para evitar a eliminação da Taça. A entrada do médio português mexeu com o jogo e ofereceu uma injeção de qualidade e critério à construção leonina que foi visível logo nos primeiros instantes do segundo tempo, com um remate de Vietto de fora de área que passou muito perto do poste de João Bravim (48′).

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Alverca-Sporting:]

Mas a apatia do Sporting estendia-se desde o setor defensivo ao intermédio e ao ofensivo e os leões não conseguiam ter ideias nem sair de forma apoiada para o ataque. Mesmo com o Alverca totalmente recuado no próprio meio-campo, a tentar resguardar uma vantagem valiosa que ia valendo a passagem à próxima fase da Taça de Portugal, a equipa de Silas não conseguia fazer mais do que procurar espaço nos corredores e lançar Jesé e Vietto para arrancadas infrutíferas à procura de um Luiz Phellype que parecia ainda não ter chegado ao Complexo Desportivo do Alverca. Bruno Fernandes, numa zona sempre meio vagabunda nas costas do avançado brasileiro, surgia na esquerda, na direita e ao meio mas ninguém se oferecia em linhas de passe ou desmarcações. O cenário, com o passar dos minutos, era cada vez mais negro: e tornou-se naturalmente e quase previsivelmente apocalíptico quando Luan aumentou a vantagem.

Depois de um erro de Rosier que deu origem a um lance onde Borja errou e deu origem a um pontapé de canto, Maximiano e Ilori desentenderam-se na defesa da bola parada ao primeiro poste e o central desviou para uma zona da grande área onde só estava Luan, que atirou para uma baliza deserta (55′). Numa sequência de erros defensivos que começou no lateral direito, passou para o lateral esquerdo e culminou num dos centrais, o Sporting sofreu o segundo golo e a surpresa tornou-se algo impensável. Silas esgotou as alterações e lançou Acuña e Bolasie mas os problemas estruturais não podiam ser colmatados com substituições: os leões não acertavam dois passes consecutivos, não tinham ligação entre os setores, não faziam a bola chegar ao último terço, Jesé, Eduardo e Miguel Luís estiveram alheados do processo construtivo durante todo o jogo e Vietto caiu de rendimento de forma gritante na segunda parte. Só Bolasie, que entrou bem e ainda beneficiou de duas ocasiões — para além de uma bola na trave com um livre direto de Bruno Fernandes (65′) –, mexeu com a partida nos instantes finais, onde a equipa ribatejana foi sempre mais perigosa do que a leonina.

O Sporting perdeu em Alverca, foi eliminado da Taça de Portugal com o estatuto de detentor do título e Silas caiu ao terceiro jogo depois de duas vitórias. Mas esta derrota significa muito mais do que isso: esta derrota e esta eliminação praticamente esvazia de objetivos a temporada leonina, que nos últimos anos tem sobrevivido e subsistido graças às Taças, de Portugal e da Liga. Com uma das três principais provas internas já fora de alcance, com a liderança do Campeonato a oito pontos de distância e os rivais a sete, com a Liga Europa a ser um tópico distante e sempre subjetivo, o Sporting pode ter ficado sem metas reais em outubro. Silas disse durante a semana que queria reproduzir no futebol leonino aquilo que o hóquei do clube fez na última época, ao conquistar títulos internacionais e de relevo. Mas tudo o que Silas conseguiu fazer foi calçar os patins da Taça de Portugal.

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