O Governo da Guiné-Bissau acusou esta quarta-feira o Presidente do país, José Mário Vaz, de estar a tentar tirar proveito político da tentativa de golpe de Estado, denunciada pelo primeiro-ministro, e de prejudicar os esforços de consolidação da estabilidade política.

“Lamentavelmente o Presidente cessante, José Mário Vaz, proferiu mais uma vez um ataque ao Governo, através de um comunicado da Presidência, numa clara intenção de tirar proveito político de uma flagrante e frustrada tentativa de subversão da ordem constitucional da autoria do candidato presidencial do Madem-G15, Umaro Sissoco Embaló”, refere o comunicado assinado pelo porta-voz do Governo e ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Armando Mango.

Na segunda-feira à noite, o primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, denunciou uma tentativa de golpe de Estado, envolvendo Umaro Sissoco Embaló, que considerou a acusação como “mentira” e “calúnia”.

Num comunicado divulgado na terça-feira, o Presidente guineense assegurou que as forças de defesa e segurança vão garantir a estabilidade no país e disse que qualquer perturbação da “ordem vigente” é da responsabilidade do Governo.

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“Ao emitir uma nota que prejudica os esforços de consolidação da estabilidade política e da paz, o Presidente cessante reforça apenas a estratégia da oposição que visa adiar a realização das eleições presidenciais que estão a ser preparadas sob o mais rigoroso acompanhamento da comunidade internacional”, salienta o Governo, considerando que “esta atitude é uma afronta ao acordo de Abuja que, justamente, permitiu a sua continuidade na Presidência da República”.

No comunicado à imprensa, o Governo afirma não compreender que o chefe de Estado e alguns atores políticos “estejam empenhados em prejudicar a consolidação da estabilidade” ao tentar negar o “direito fundamental ao voto” do povo, que quer estabilidade, paz e prosperidade.

“Estas práticas de clara sabotagem, que vinham decorrendo ao longo dos cinco anos do seu mandato, tornaram-se mais frequentes e evidentes após a última apreensão de droga” e depois de o primeiro-ministro ter denunciado e apresentado evidências do alegado envolvimento de setores da classe política no “tráfico de droga, em ligação com o crime transnacional organizado”.

O Governo garante também que está comprometido com a defesa da ordem constitucional, à semelhança das forças de defesa e segurança, e que tomará “medidas contra todo aquele que, por qualquer via, tente pôr em causa a estabilidade”.

O executivo guineense assegura igualmente que as eleições presidenciais vão realizar-se em 24 de novembro, “apesar das manobras dilatórias em curso”.

“O Governo apela à população para manter-se serena e calma, mas vigilante, de modo a denunciar e a impedir qualquer tentativa de alteração da ordem constitucional”, conclui.

A Guiné-Bissau realiza eleições presidenciais em 24 de novembro, estando a segunda volta, caso seja necessária, marcada para 29 de dezembro.

A campanha eleitoral, na qual vão participar 12 candidatos aprovados pelo Supremo Tribunal de Justiça, vai decorrer entre 01 e 20 de novembro.