A polícia de Kampala deteve 16 homens ativistas LGBTQ na segunda-feira, no Uganda, avança a Reuters. Os suspeitos foram acusados esta quinta-feira por “sexo gay”, que é proibido no país e penalizados com penas que podem ir até à prisão perpétua.
Os homens têm entre 22 e 25 anos e foram inicialmente levados sob proteção das autoridades: chamaram a polícia após um protesto homofóbico à porta do escritório da caridade de saúde sexual “Let’s Walk Uganda”, onde trabalhavam e viviam.
Só que a polícia terá sido entretanto alertada para “atividades ilegais” e encontrou lubrificantes, preservativos e medicamentos anti-retrovirais no escritório. Os 16 homens foram posteriormente submetidos a exames anais e detidos.
Baseando-nos no relatório da examinação médica, ficou estabelecido que os suspeitos estiveram envolvidos em atos sexuais puníveis de acordo com a lei”, disse o porta-voz da polícia de Kampala à Reuters.
Fred Enanga acrescentou que os detidos foram acusados ao abrigo da lei que proíbe o “sexo gay” e já saíram em liberdade, o que foi confirmado pelo “Let’s Walk Uganda” . Os 16 homens têm agora de se “apresentar à polícia nas datas selecionadas enquanto aguardam mais orientações do Ministério Público”, concluiu Enanga.
Membros da comunidade LGBTQ lamentaram a situação, frisando que diariamente se arriscam a ataques físicos e são assediados várias vezes. Garantem ainda à Reuters que são muitas vezes prejudicados no trabalho, na habitação e na saúde devido à sua orientação sexual. Apesar das ações policiais habituais, para os ativistas, esta detenção foge ao normal e espelha a crescente campanha contra as minorias sexuais.
Normalmente ouvimos falar de talvez uma detenção de alguém da comunidade ao abrigo destas leis anti-gay num mês, mas é muito raro ver 16 pessoas acusadas desta forma”, disse Frank Mugisha, diretor executivo da “Sexual Minorities Uganda”.
No Uganda, qualquer pessoa que tem “conhecimento carnal fora da ordem natural” ou que tem sexo anal está sujeito a prisão perpétua. Ainda este mês, um ministro propôs a introdução da sentença de morte para quem praticasse “sexo gay”. A proposta não foi aprovada pelo governo devido às críticas de dadores internacionais.