O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, afirmou este domingo que a morte de uma pessoa no sábado relacionada com um protesto em Bissau não ocorreu devido a confronto físico com as forças de segurança, segundo o relatório da autópsia.

“Essa perda de vida humana não resulta, segundo o relatório, de nenhuma confrontação física entre a vítima e as forças policiais. Não há nenhum traço de resistência do corpo face a eventuais agressões”, afirmou o primeiro-ministro.

Aristides Gomes, que falava aos jornalistas em conferência de imprensa, disse também que os indícios “apontam para o facto de a vítima não ter dado o seu último fôlego no local”.

“Nós, através do Ministério da Justiça e do Interior estamos a fazer uma peritagem mais aprofundada, porque estamos interessados em que este facto seja elucidado suficientemente em virtude das águas turvas que estão a ser criadas neste país, porque, pelos vistos, há gente que conta pescar em águas turvas para retirar dessas águas turvas resultados que não seriam benéficos para as nossas populações e país”, salientou o primeiro-ministro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Aristides Gomes sublinhou que o objetivo de “pescar em águas turvas” é suspender o processo para a realização de eleições presidenciais, marcadas para 24 de novembro.

“Nós estamos profundamente convencidos que a realização das eleições na data fixada concorre para a estabilização do nosso país na medida em que poderá pôr fim a este período de transição, de instabilidade, com todo o seu cortejo de miséria, empobrecimento das populações, de paralisia da ação para o desenvolvimento”, disse.

Nas declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro destacou também o profissionalismo das forças de segurança e lembrou que a manifestação não foi autorizada exatamente porque não foram cumpridos os “trâmites regulamentares”.

“Esses trâmites regulamentares não são instituídos por acaso. Têm a sua justificação na necessidade de as autoridades protegerem os manifestantes e protegerem toda a sociedade. O objetivo é sempre de fazer que uma manifestação não seja um fator de perturbação de uma sociedade e por isso é que há prazos, que não foram respeitados, e por isso o Ministério do Interior desaconselhou a sua realização”, disse.

O protesto não autorizado de sábado em Bissau provocou também, segundo o Governo, dois feridos.

Segundo o relatório da autópsia, divulgado à imprensa, a morte foi provocada por uma paragem cardiorrespiratória e “choque hipovolémico, resultado de politraumatismo facial, com hemorragia interna e externa”.

O relatório, assinado pelo médico especialista em medicina legal Abu Bacar Camará, salienta também que o pescoço, o tórax, o abdómen, a bacia e os membros superiores e inferiores não apresentam sinais de traumatismos.