A última corrida do Mundial de Moto GP, com o campeão do mundo já totalmente decidido, girava de certa forma em torno de Jorge Lorenzo. O piloto espanhol de 32 anos, que anunciou esta semana que vai terminar a carreira, realizava a sua última prova de sempre em casa, em Espanha, e num circuito onde ainda tem a melhor marca registada. O único que conseguiu bater Casey Stoner, Valentino Rossi e Marc Márquez, deixava este domingo as pistas e o motociclismo.

Jorge Lorenzo, o anti-herói que nunca deixou esquecer que é um campeão, decidiu pousar o capacete e largar as pistas

Pelo meio, a pole position era de Fabio Quartararo, que acrescentava ao título de rookie do ano o facto de ter sido ao longo da temporada o segundo piloto a sair mais vezes da primeira linha da grelha (seis poles, só atrás das 10 de Márquez). Miguel Oliveira, ainda a recuperar da operação ao ombro, era substituído pelo estreante Iker Lecuona — de quem vai ser colega de equipa na próxima época na KTM Tech 3 — mas marcou presença nas garagens durante as sessões de qualificação.

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No arranque do Grande Prémio da Comunidade Valenciana, Márquez não conseguiu arrancar bem e permitiu a escapadela não só de Quartararo como também de Jack Miller, que chegou a passar pela liderança do pelotão antes de o francês recuperar o primeiro lugar. Depois de soltar a poeira e conseguir afastar-se de Dovizioso, Rins e Miller, o campeão do mundo encurtou a distância para o piloto da Yamaha e colocou-se desde logo a persegui-lo bem perto da traseira da mota. O espanhol acabou por conseguir a ultrapassagem ao aproveitar a superioridade da Repsol-Honda, encostando Quartararo à berma durante uma reta para obrigar o francês a desacelerar.

Como culminar de uma temporada que teve apenas cinco vencedores e três pilotos que conseguiram pole-positions, este último Grande Prémio da época era o espelho dessa quase hegemonia de grupo: Márquez era líder, Quartararo era o único que tinha hipóteses de chegar à primeira posição e Miller, Dovizioso e Rins lutavam entre si um pouco mais atrás pelo último degrau do pódio. Valentino Rossi, depois da pior qualificação da temporada, estava longe das decisões mas ia conseguindo rodar dentro dos pontos — algo que, por exemplo, Lorenzo não estava a fazer. Lecuona, o substituto de Miguel Oliveira, acabou por protagonizar o momento mais assustador da corrida, ao perder o controlo da mota e ver Johann Zarco, que tinha caído, ser atropelado pela KTM Tech 3.

Com a pista limpa pela frente, Marc Márquez conquistou mais uma vitória — que garantiu também a vitória nos construtores da Repsol-Honda — e acabou por simplificar a última prova da temporada. Quartararo foi segundo e Jack Miller fechou o pódio, numa derradeira etapa do Mundial que deixa várias perguntas, dúvidas e questões para a próxima época: é Alex Márquez, o irmão de Marc, que vai substituir Lorenzo e juntar-se ao irmão na Repsol-Honda?; Quartararo vai repetir os bons resultados do ano de estreia no segundo ano no Moto GP?; Miguel Oliveira vai recuperar o ímpeto das primeiras semanas de competição e entrar nos pontos de forma consistente?.