António Costa está satisfeito por ter apresentado um orçamento que prevê, pela primeira vez na história da democracia, um excedente orçamental. Em entrevista ao Público, o primeiro-ministro defende não ver motivos para que o Orçamento do Estado — “o mais fluido de se elaborar no seio do Governo” — não seja aprovado, embora acredite que a proposta pode ser melhorada na especialidade. Sobre eventuais zangas com Mário Centeno, deixa claro que a sua relação com o ministro das Finanças é de “estima e respeito mútuo” e que tem vindo a reforçar-se ao longo dos anos. E acrescenta que seria positivo continuar a ter o português na liderança do Eurogrupo.

“Tem sido [com Mário Centeno] uma relação progressiva. Nós conhecemo-nos há cinco anos quando eu, como secretário-geral do PS, iniciei a preparação do programa eleitoral para 2015, em 2014. Na altura, não nos conhecíamos sequer pessoalmente. E, portanto, foi uma relação que se foi construindo. Ao longo destes cinco anos, só foi sempre melhorando, quer pelo conhecimento mútuo, quer, felizmente, também, pelo sucesso coletivo que temos tido”, defendeu o primeiro-ministro quando questionado sobre uma eventual zanga com Mário Centeno.

A sua relação com o ministro das Finanças, assegurou, “é uma relação de estima, respeito mútuo, de trabalho em equipa que felizmente tem sido muito frutuoso ao longo destes anos”. Por isso, o chefe do Executivo clarificou que a divergência não é entre o primeiro-ministro de Portugal e o ministro das Finanças de Portugal. “Há uma divergência entre Portugal e o Eurogrupo e é por isso que, aliás, poderá ver nas declarações que vimos nos últimos dias, desde o dr. Rui Rio ao BE, que toda a gente concordou que aquela solução não é benéfica para Portugal.”

Apesar dessa diferença de opiniões, António Costa garante que “o trabalho global do professor Mário Centeno no Eurogrupo tem sido francamente positivo”, defendendo que se o ministro “desejar ser reeleito e tiver condições para isso é muito bom que aconteça”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Quanto a guerras entre a sua equipa ministerial, Costa afasta essa possibilidade e diz mesmo que este foi dos “orçamentos mais fluidos de se elaborar no seio do Governo”.

“Se fossem satisfeitas integralmente todas as propostas de todos os ministros garanto-lhe que nem vinte OE pagavam aquilo que é necessário. Portanto o exercício de elaboração do OE é sempre um exercício coletivo, em que naturalmente o ministro das Finanças tem um papel essencial, em que o primeiro-ministro tem um papel fundamental de arbitragem e cada ministro tem um papel indispensável”, defendeu. E assegurou que “não há guerras entre ministros, há aquilo que é próprio”.

“Eu digo o que necessito, o ministro das Finanças diz o que é possível e vemos em função do conjunto do que é necessário e daquilo que é possível, compomos o melhor OE possível”, concluiu o primeiro-ministro.