Rodrigo tem dez anos e na noite de passagem de ano foi desafiado pelo Presidente a acompanhá-lo no primeiro mergulho do ano desta manhã, no Porto da Casa, no Corvo. Depois da mensagem presidencial emitida da ilha, lá estava o miúdo, com o pai, o carteiro da terra, de calções e toalha posta ao ombro — com Cristiano Ronaldo estampado. “Lá dentro, está mais quente do que aqui fora”, prometia. Ainda caiu uma carga de água, mesmo antes de Marcelo chegar ao porto (onde o mar estava menos agitado), também ele de calções, para o mergulho. “Mais uma promessa cumprida nos Açores” e um “bom sinal para 2020” — mas já lá chegamos.
Tampões nos ouvidos, local do mergulho inspecionado da escada do porto (também pelo segurança que tem de o acompanhar em todos os momentos, incluindo estes) e já está. Marcelo dentro de água, com Rodrigo e mais dois corvinos (um imigrante ucraniano na ilha e o carteiro Orlando Rosa). Umas braçadas para a direita. “Está uma maravilha”, dizia o Presidente a flutuar à tona da água. Saiu e já a segurança esperava com uma toalha preparada. “Yes!”, atirou Marcelo mesmo antes de explicar aos jornalistas que mal mergulhou lhe saltou um tampão do ouvido: “Impediu-me de nadar mais livre, tive de nadar mais bruços. Mas a temperatura está ótima. Estão para aí 17,5 graus“.
O primeiro mergulho presidencial do ano, no Corvo. pic.twitter.com/YYHtVcTFuP
— Observador (@observadorpt) January 1, 2020
E qual foi o “bom sinal” que viu neste curto momento (não foram mais de seis minutos no mar)? “No momento em que mergulhámos, apareceu o sol e parou a chuva. Não há dúvida de que isto é dar sorte. É um bom sinal para 2020″. Não é, no entanto, nas mãos da sorte que quer ver deixado o Governo do país.
E na mensagem de Ano Novo, que tinha deixado em direto do Corvo cerca de 40 minutos antes, deixou desafios concretos não só a António Costa, como também à oposição. Para o Governo quer que seja “forte, concretizador e dialogante” e a oposição “forte e alternativa”.
Mas isso é porque não são agora? Nessas águas, Marcelo não quis entrar, mas no dia anterior, mal aterrou na ilha, já tinha avisado que os seus discursos “têm de ser lidos com muito cuidado”. Ali, no porto e a secar-se com a toalha só detalhou que “não quer dizer nada” mais do que aquilo. E o que disse foi que “deseja que seja”. Nos domínios que identificou na mensagem, prometeu: “Naqueles domínios, no que depender do Presidente, ajudarei”.
Ainda explicou que, na parte do Governo, quando refere a necessidade de este ser “dialogante”, é porque “os portugueses quiseram a mesma via e quando não se tem maioria absoluta, tem de se ser dialogante”.
Depois bebeu um novo shot de licor de Nêveda do Pico, para aquecer, mudou de calções, enrolado numa toalha atrás de um barco parado no porto, calçou-se e quando já ia a entrar para a carrinha que o transportaria de volta ao hotel, perguntou ao presidente do Governo Regional dos Açores — que ficou a seco, no seu sobretudo, neste mergulho — qual a distância para o destino. 400 metros? “Então, vamos a pé”. Terminou a passear em calções esta visita de Ano Novo ao Corvo.