O ex-conselheiro norte-americano de segurança nacional, John Bolton, escreveu no seu mais recente livro que Donald Trump lhe deu ordens diretas para pressionar o Presidente da Ucrânia no sentido de ser anunciada uma investigação contra Joe Biden.

A revelação é do The New York Times, que teve acesso a um excerto do livro de John Bolton, ainda por publicar. Naquelas páginas, o ex-conselheiro de segurança nacional, que teve uma saída abrupta da Casa Branca em setembro, conta como Donald Trump lhe terá pedido diretamente para ligar ao Presidente da Ucrânia para que este, por sua vez, recebesse instruções do advogado pessoal, Rudy Giuliani. Foi este último que liderou todos os esforços para investigar Joe Biden e a passagem do filho do candidato democrata por uma empresa energética na Ucrânia.

Nessa reunião, de acordo com o relato de John Bolton, estiveram presentes ainda o chefe de gabinete de Donald Trump, Mick Mulvaney; Rudy Giuliani; e o advogado da Casa Branca e defensor do Presidente no julgamento do impeachment, Pat A. Cipollone.

No livro, Bolton garante que não chegou a fazer essa chamada. Ela acabaria por ser feita, a 25 de julho, pelo próprio Donald Trump, pedindo ao seu homólogo ucraniano que lhe fizesse “um favor”, depois de aquele governante de Leste ter falado sobre a ajuda militar dos EUA.

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Ao The New York Times, Trump negou estas alegações. “Nunca dei ordens a John Bolton para marcar um encontro com Rudy Giuliani, que é um dos maiores combatentes da corrupção na América e que foi de longe um dos melhores autarcas da história de Nova Iorque, e o Presidente Zelensky”, disse Donald Trump.

John Bolton tem estado no centro do debate do impeachment de Donald Trump, de momento a decorrer no Senado. Depois de a acusação e a defesa de Donald Trump terem defendido os seus casos, cabe aos senadores determinarem se chamam ou não mais testemunhas para ali depor. John Bolton, um republicano e veterano da política externa norte-americana, é precisamente uma das testemunhas que os democratas mais querem ouvir naquela câmara.

Porém, para já, não parece haver votos suficientes para que Bolton seja chamado a testemunhar, já que, no Senado, os republicanos estão em maioria — 53 republicanos contra 45 democratas e outros dois independentes que alinham. Se tanto democratas e independentes estão a favor de convocar novas testemunhas, com John Bolton à cabeça, já entre republicanos o consenso para terminar o julgamento no Senado de imediato é quase total.

Apenas os republicanos Mitt Romney (Utah) e Susan Collins (estado do Maine) indicaram que poderiam votar a favor de ouvir John Bolton. Outros republicanos que estariam indecisos, como Lisa Murkowsky (Alasca) e Lamar Alexander (Tennessee), já indicaram que vão votar contra a convocatória de novas testemunhas.