O satélite europeu que vai permitir obter as primeiras imagens dos polos do Sol, o Solar Orbiter, vai ser lançado esta segunda-feira e leva a bordo tecnologia portuguesa, das empresas Critical Software, Active Space Technologies e Deimos Engenharia.
O engenho, cujo lançamento chegou a ser apontado para 05, 06 e 08 de fevereiro, será enviado para o espaço a partir da base de Cabo Canaveral, nos Estados Unidos, às 23:03 de domingo na hora local (04:03 de segunda-feira em Portugal), de acordo com o mais recente calendário divulgado pela Agência Espacial Europeia (ESA), que conduz a missão em conjunto com a congénere norte-americana NASA.
A Critical Software concebeu vários sistemas de ‘software’ do satélite, como os sistemas centrais de comando e controlo, de deteção e recuperação de falhas e de gestão de comportamento térmico, segundo informação da empresa.
A Active Space Technologies fabricou componentes em titânio para o braço de suporte e orientação da antena de comunicação do satélite com a Terra e canais igualmente de titânio, para a passagem de luz, que atravessam o escudo térmico do aparelho, adiantou a companhia à Lusa.
A Deimos Engenharia, braço português da componente tecnológica do grupo espanhol de engenharia e construção de infraestruturas Elecnor, trabalhou na definição e implementação da estratégia para testar os sistemas de voo do Solar Orbiter.
A missão do Solar Orbiter (Orbitador Solar) vai permitir obter as primeiras imagens dos polos do Sol, considerados a chave para se compreender a atividade e o ciclo solares.
Por outro lado, salienta a ESA, será o primeiro satélite europeu a entrar na órbita de Mercúrio e a explorar a conexão entre o Sol e a Terra para entender melhor o clima extremo no espaço.
O aparelho, que estará a 42 milhões de quilómetros do Sol na sua maior aproximação, o equivalente a um quarto da distância que separa a estrela da Terra, está equipado com dez instrumentos para observar a superfície turbulenta do Sol, a sua atmosfera exterior e as alterações no vento solar (emissão contínua de partículas energéticas a partir da coroa, a camada mais externa da atmosfera solar).
O Solar Orbiter, preparado para enfrentar temperaturas de 500ºC, trabalhará em complemento com a sonda norte-americana Parker Solar Probe, em órbita desde 2018, e que tem quatro instrumentos para estudar o campo magnético do Sol, o plasma, as partículas energéticas e o vento solar.
Os cientistas esperam obter com este satélite respostas sobre o que leva à aceleração das partículas energéticas, o que acontece nas regiões polares por ação do campo magnético, como é que o campo magnético é gerado no Sol e como se propaga através da sua atmosfera e pelo espaço, como a radiação e as emissões de plasma (gás ionizado formado a elevadas temperaturas) da coroa afetam o Sistema Solar e como as erupções solares produzem as partículas energéticas que conduzem ao clima espacial extremo próximo da Terra.