Um terreiro de Umbanda, religião de matriz africana, foi atacado na semana passada, em Ribeirão Preto, no interior do estado brasileiro de São Paulo, tornando-se mais um exemplo da intolerância religiosa que cresce no Brasil.

O país sul-americano registou em 2019 mais de 200 ataques contra seguidores de religiões de matriz africana, um aumento de 100% em relação a 2018 e refletindo o crescente fanatismo religioso no país, segundo a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR). A maioria dos ataques a esses templos foram perpetrados por populares e traficantes de drogas, estes especialmente ativos no Rio de Janeiro, que se proclamam evangélicos, um culto que nos últimos anos ganhou força no país e que historicamente associa as religiões africanas à adoração do demónio.

Atualmente, as religiões de origem africana são praticadas por uma minoria de cerca de 2% dos brasileiros, conforme dados obtidos por uma pesquisa do Instituto Datafolha realizada em 5 e 6 de dezembro do ano passado, com 2.948 entrevistados em 176 municípios de todo o país. Já os cultos evangélicos são classificados como a segunda religião mais popular no Brasil, com 31% de seguidores, atrás apenas do catolicismo, que continua sendo a fé maioritária (50%), conforme dados da mesma sondagem.

Um balanço do disque 100, canal de denúncias do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, indicou que no primeiro semestre de 2019 (último dado disponível) houve um aumento de 56% no número de denúncias de intolerância religiosa em comparação com o mesmo período do ano anterior. A maior parte dos relatos foi feita por praticantes de crenças de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé.

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