(Artigo em atualização com as várias reações)

O antigo primeiro-ministro português António Guterres enviou esta sexta-feira uma mensagem de pesar à família de Joaquim Pina Moura para lembrar um amigo “com grande dedicação à causa pública”.

“Foi com profunda tristeza que soube do falecimento do meu amigo Joaquim Pina Moura”, escreveu o atual secretário-geral da ONU, numa declaração enviada à agência Lusa. “Teve uma vida de grande dedicação à causa pública, como eu próprio pude testemunhar durante anos de trabalho conjunto”, sublinhou Guterres, que entre 1995 e 2002 teve Joaquim Pina Moura como secretário de Estado Adjunto (1995) e como ministro da Economia e das Finanças (1999).

António Guterres enviou ainda “um grande abraço de solidariedade” à família e amigos do antigo ministro.

O ex-ministro da Economia e das Finanças Joaquim Pina Moura morreu esta quinta-feira em casa, em Lisboa, aos 67 anos, devido a doença neurodegenerativa, disse à agência Lusa o filho, o fotojornalista João Pina. Foi membro do Partido Comunista Português entre 1972 e 1991, tendo aderido ao Partido Socialista em setembro de 1995.

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Joaquim Pina Moura exerceu o cargo de secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro António Guterres até 1997, ano em foi nomeado ministro da Economia do XIII Governo Constitucional. Em 1999, foi nomeado ministro das Finanças e da Economia do XIV Governo Constitucional, também liderado por António Guterres.

Pina Moura foi ainda administrador da Galp e presidente da Iberdrola Portugal.

PS homenageia “dedicação” e “apego aos valores do PS”

O PS reagiu à morte do ex-ministro de António Guterres através de uma nota de pesar publicada no site do partido. “É com consternação que o Partido Socialista toma conhecimento do falecimento de Joaquim Pina Moura, que nos deixa de forma prematura aos 67 anos”, começa a ler-se, com os socialistas a deixarem “uma sentida homenagem a Pina Mora pela sua dedicação e apego aos valores do PS”.

“O Partido Socialista endereça as mais sentidas condolências à família enlutada e aos amigos mais íntimos. Licenciado em economia e pós-graduado em economia monetária, Pina Moura exerceu os cargos de secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, ministro da Economia e das Finanças nos governos de António Guterres e exerceu o mandato de deputado à Assembleia da República em quatro legislaturas. Neste momento de luto, o Partido Socialista não quer deixar de prestar uma sentida homenagem a Pina Moura pela sua dedicação e apego aos valores do Partido Socialista, que une todos os camaradas neste momento de perda”, continua a ler-se.

Ferro destaca “enorme valor intelectual” e extensa carreira política

O presidente da Assembleia da República afirmou esta sexta-feira que recebeu com “enorme consternação” a notícia da morte do antigo ministro Pina Moura, considerando que foi um homem “de enorme valor intelectual” e com uma extensa carreira política.

“Tive o privilégio de ser seu amigo e com ele trabalhar, sobretudo, quando ambos fizermos parte dos XIII e XIV Governos Constitucionais, liderados pelo engenheiro António Guterres. Homem de enorme valor intelectual, licenciado em economia e pós-graduado em economia monetária, Pina Moura teve uma extensa carreira política, como militante do Partido Comunista Português, da Plataforma de Esquerda e, posteriormente, do Partido Socialista”, aponta depois Ferro Rodrigues.

Ministro da Economia salienta a militância política

Numa nota enviada à comunicação social, Pedro Siza Viera refere que “Pina Moura teve militância política destacada, antes e depois do 25 de abril, e entre outras funções públicas que exerceu, foi ministro da Economia em dois governos constitucionais, quando era primeiro-ministro António Guterres”.

“À família enlutada apresento sentidas condolências”, escreve Pedro Siza Vieira.

Jorge Coelho recorda a “profunda inteligência” e “imensa determinação”

Ao Observador, Jorge Coelho destacou o papel que Pina Moura desempenhou na vida pública e política em Portugal. O antigo ministro destaca o percurso de vida lutador de Joaquim Pina Moura, um dos grandes “lutadores pela liberdade”.

Era um homem profundamente inteligente e com uma determinação e imensa capacidade de trabalho. Teve um percurso de vida conhecido, um grande lutador pela liberdade.

Jorge Coelho refere a “enorme inteligência” e “imensa determinação” do ex-ministro da Economia e das Finanças.

Era alguém que estava na vida política sério, no sentido de levar para a frente aquilo em que acreditava e que era solidário com as pessoas com quem trabalhavam.

Jorge Coelho recorda o “grande sentido de humor” do ex-ministro de Guterres reconhecendo o mérito da criação da Plataforma de Esquerda, que fez um acordo com o Partido Socialista.

Francisco Seixas da Costa lembra o “sentido de humor” do homem sem medo de falar do passado comunista

Trabalhou com Pina Moura no Governo de Guterres e foi aí que construíram uma grande amizade. Ao Observador, Francisco Seixas da Costa lembrou o amigo que tinha um sentido de humor “irónico”, apesar de ter um passado ligado a um partido fechado como o Partido Comunista.

Depois chegou ao Partido Socialista pela mão de Guterres. Um elemento “indispensável” e que “seduziu Guterres pela inteligência e brilhantismo”.

[O sentido de humor, o PCP e Guterres. Francisco Seixas da Costa recordou o amigo Pina Moura em declarações à Rádio Observador, que pode ouvir aqui]

Pina Moura. A forma como falava do PCP, a intimidade política com Guterres e o sentido de humor

Centeno refere contributo para a construção da democracia

O ministro das Finanças, Mário Centeno, destacou o contributo de Pina Moura para a “construção da democracia na sua intervenção partidária e ao desenvolvimento do país”, assinalando que “o seu empenho ao serviço de Portugal será sempre recordado”.

O seu empenho ao serviço Portugal será sempre recordado e merece o público reconhecimento”, afirmou.

Nogueira Leite destaca o “exemplar trato” e “cordato” de Pina Moura

António Nogueira Leite reagiu à morte do ex-administrador da Galp na sua conta no Twitter, fazendo referência à pessoa exemplar, apesar das divergências vividas entre os dois.