Portugal registou esta segunda-feira a primeira morte de um doente com Covid-19. Trata-se de Mário Veríssimo, amigo de Jorge Jesus, segundo avança o jornal A Bola, informação confirmada pelo Observador. Mário Veríssimo tinha 81 anos, era doente crónico, com problemas pulmonares. Foi enfermeiro-massagista no clube Estrela da Amadora e trabalhou com Jorge Jesus durante vários anos. No sábado passado, Jesus chegou a anunciar frente às câmaras que tinha perdido um amigo para o coronavírus, após um jogo do Flamengo, vindo mais tarde a corrigir a declaração. Veríssimo encontrava-se então em estado grave.

O anúncio da primeira morte em Portugal foi feito pela ministra da Saúde, Marta Temido, em conferência de imprensa, durante a qual apenas disse tratar-se de um homem de 80 anos, internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

“É com profundo pesar que o Ministério da Saúde informa que faleceu hoje no Hospital de Santa Maria um doente que estava internado e que tinha a doença Covid-19”, disse Marta Temido, para logo de seguida enviar condolências a todos os familiares e amigos da primeira vítima mortal portuguesa.

“Era um homem de 80 anos, com várias comorbilidades e que se encontrava internado desde há vários dias”, esclareceu Marta Temido, sem detalhar mais a identidade da vítima. Em seguida, comparou a situação atual a um momento de guerra, lembrando que todos correm riscos.

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Estamos num momento em que é importante que todos nos consciencializemos dos riscos que todos corremos e que um desses riscos é de a nossa sociedade se destruturar e não podemos permitir que também isso aconteça”, sublinhou. “Muitos têm dito que este é um momento como uma guerra e numa guerra todos têm de ter disciplina.”

Marta Temido recordou que em Inglaterra, durante os ataques áereos da Segunda Guerra Mundial, “mesmo durante o blitz”, os ingleses mantiveram-se a trabalhar. “Não podemos ficar sem pão, sem energia, sem recolha de resíduos, mas temos de manter comportamentos apropriados ao momento que vivemos.”

“A fatalidade de hoje deve fazer com que todos reflitam sobre aquilo que é esperado de cada um de nós”, sublinhou a ministra da Saúde que, por ser um momento pesado, pediu aos jornalistas para manter a conferência de imprensa curta.

“Teremos nos próximos dias mais pessoas a falecer”

Num momento em que há 331 casos de Covid-19 em Portugal, mais 86 do que ontem, Graça Freitas,, diretora geral de Saúde, anunciou que há 18 pessoas em cuidados intensivos. Para além destes, há 374 casos que aguardam resultado laboratorial e 4.592 pessoas estão sob vigilância. Dos testes efetuados mais de dois mil não confirmaram infeção pelo novo coronavírus e 3 pacientes já recuperaram.

Entre os casos que inspiram cuidados, “uns mais críticos do que outros”, mais haverá que possam terminar em morte. A própria diretora geral de Saúde assumiu-o durante a conferência de imprensa. “Vamos ver como vai ser o desfecho, todos sabemos que a taxa de mortalidade desta doença é superior a 2% em todo o mundo. Portanto, teremos nos próximos dias mais pessoas a falecer. Faz parte da história nacional da doença.”

E relembrou que, como disse a ministra, o “SNS tudo fará para reduzir ao mínimo o número de pessoas que tenha desfecho negativo ou que fique com sequelas da doença.”

Atos médicos não prioritários são cancelados

Respondendo a uma pergunta dos jornalistas sobre que atos médicos serão cancelados, Marta Temido disse que essa orientação já tinha sido emitida na véspera. Segundo explicou serão várias as situações em que marcações para consultas ou exames serão canceladas.

  • Todas as consultas externas que não sejam prioritárias, ou muito prioritárias
  • Também os meios de diagnóstico complementares que não sejam imprescindíveis
  • Todos os procedimentos que implicam internamento devem ser avaliados segundo a sua necessidade
  • As cirurgias não prioritárias devem ser adiadas
  • Doentes que na triagem recebam pulseiras verdes e azuis deverão ser encaminhados para cuidados de saúde primários.
  • Nas sessões de hospital de dia se devem manter apenas as imprescindíveis