Heinsberg é um distrito da Renânia do Norte, um dos mais populosos estados da Alemanha. Desde fevereiro, altura em que a pandemia de Covid-19 ainda não tinha atingido a Europa como acabou por acontecer, que Heinsberg ficou conhecida como a “Wuhan alemã”, em referência à província chinesa onde começou o surto que acabou por se espalhar pelo mundo inteiro. Isto porque foi em Heinsberg que foi confirmado o primeiro caso de coronavírus em toda a Alemanha.
Na altura, o primeiro infetado foi um homem de 47 anos — que chegou a estar internado durante algum tempo numa unidade de cuidados intensivos. O teste positivo foi confirmado então em fevereiro, pouco depois de o homem ter estado nas celebrações do Carnaval de Gagnelt, uma das localidades do distrito. Poucas semanas depois, Heinsberg tornou-se uma das regiões mais afetadas da Alemanha: tem agora 1.264 casos positivos e 35 vítimas mortais, o que corresponde a uma proporção de 497 casos por 100 mil habitantes. Heinsberg tem atualmente 250 mil habitantes e esta proporção acaba por ser seis vezes superior à verificada em Berlim, a capital do país, que tem mais de três milhões de residentes.
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Precisamente por se tratar da região onde terá surgido o primeiro caso positivo de coronavírus na Alemanha, as autoridades de saúde da Renânia do Norte autorizaram um grupo de especialistas estudar como terá acontecido a propagação do vírus. A equipa liderada por Hendrik Streeck, professor e virologista da Universidade de Bonn, está desde a semana passada a estudar o contágio comunitário do vírus no distrito de Heinsberg — a principal vantagem em estudar esta região é precisamente o facto de se conhecer quando é que o vírus começou a ser espalhado, por volta dos dias do Carnaval.
A equipa de especialistas está a estudar ao detalhe um grupo de mil pessoas. “Queremos saber como é que produziram as cadeias de infeção: quem, como, quando e porque é que se infetaram com o vírus. Queremos saber o que é necessário para que se produza a infeção”, explicou Hendrik Streeck numa conferência de imprensa. Segundo o El Español, que conta a história, o grupo de cientistas foi surpreendido pelo facto de a Covid-19 não se propagar tão facilmente em ambientes fechados como supermercados ou transportes públicos — mas sim em grandes concentrações de pessoas, como aconteceu no caso de Heinsberg e das celebrações do Carnaval. O virologista deu o exemplo do jogo entre a Atalanta e o Valencia, para a Liga dos Campeões, de uma estação de ski na Áustria e do Carnaval de Colónia, três eventos de propagação comunitário, mas alertou que continua a ser muito importante “manter as distâncias”.