O Conselho Islâmico de Moçambique condenou esta terça-feira as incursões de grupos armados que têm protagonizado ataques em Cabo Delgado, reiterando que estes atos não estão ligados aos mandamentos do Islão.

Nós condenamos veementemente os atos bárbaros daqueles grupos. Os atos destes grupos não se compadecem com o Islão”, declarou o delegado provincial do Conselho Islâmico em Nampula, Juma Cadria, em conferência de imprensa.

Segundo Juma Cabria, quando as incursões dos grupos armados começaram em Cabo Delgado, em outubro de 2017, o Conselho Islâmico de Moçambique informou as autoridades sobre a existência de pessoas com ideologias contrárias aos mandamentos do Islão.

Os nossos delegados reportaram a existência de indivíduos com ideologias adversas à religião e indivíduos com tendência de violência”, afirmou Juma Cabria, acrescentando que as autoridades em Cabo Delgado não tiveram flexibilidade para agir atempadamente.

O delegado provincial considerou que os membros dos grupos armados “são muito ignorantes na religião” e que os grupos são incapazes de “estabelecer um Estado norteado de princípios do Alcorão”.

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A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados que organizações internacionais classificam como uma ameaça terrorista e que, em dois anos e meio, já fez, pelo menos, 350 mortos, além de 156.400 pessoas afetadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros.

No final de março, as vilas de Mocímboa e Quissanga foram invadidas por um grupo, que destruiu várias infraestruturas e içou a sua bandeira num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

Na ocasião, num vídeo distribuído na Internet, um alegado militante ‘jihadista’ justificou os ataques de grupos armados no norte de Moçambique com o objetivo de impor uma lei islâmica na região. Foi a primeira mensagem divulgada por autores dos ataques que ocorrem há dois anos e meio na província de Cabo Delgado, gravada numa das povoações que invadiram.