A Fundação Champalimaud inicia na próxima semana testes serológicos à covid-19 a 667 enfermeiros e assistentes operacionais dos hospitais de Santa Maria (Lisboa) e Santo António (Porto), num projeto-piloto em colaboração com a Ordem dos Enfermeiros.

A data foi avançada à Lusa pela Fundação, que, numa nota esta sexta-feira divulgada, refere que a iniciativa abrange 191 enfermeiros e 136 assistentes operacionais do Hospital de Santa Maria e 186 enfermeiros e 154 assistentes operacionais do Hospital de Santo António. Todos “estão em contacto direto” com doentes com Covid-19.

Os testes serológicos, que consistem na prática na recolha de uma amostra de sangue, permitirão atestar a imunidade à Covid-19 em pessoas sem sintomas, ao pesquisarem anticorpos contra o novo coronavírus, que causa a doença respiratória aguda. Justificando a iniciativa, a Fundação Champalimaud assinala que os testes “revestem-se da maior importância para os profissionais de saúde, uma vez que estão mais expostos ao risco, entre os quais enfermeiros e assistentes operacionais”.

Especialistas, nomeadamente imunologistas, têm defendido que os testes serológicos são uma ferramenta útil para se perceber quem está mais protegido ou exposto ao coronavírus SARS-CoV-2 e pode ou não retomar progressivamente a sua vida normal, como trabalhar. Ou saber que profissionais de saúde podem ou não continuar na linha da frente dos cuidados aos doentes.

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Contudo, os especialistas advertem que os testes serológicos — que procuram anticorpos no soro sanguíneo — só serão eficazes se identificarem anticorpos específicos para o novo coronavírus, não sendo certo qual o grau de imunidade conferida (se é duradoura ou não) a ponto de evitar uma reinfeção.

Há uma semana, o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, laboratório nacional de referência na dependência do Ministério da Saúde, anunciou o início da realização de testes serológicos, numa fase piloto, a cerca de 1.700 pessoas no final de abril ou na primeira semana de maio.

A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, tem defendido que sejam feitos mais testes aos enfermeiros, incluindo os assintomáticos, que podem estar infetados sem o saber porque não manifestam sintomas, como tosse, febre ou dificuldade em respirar.

Os testes que estão a ser realizados em massa em Portugal apenas permitem diagnosticar a covid-19 verificando a presença do SARS-CoV-2 (em particular o seu material genético) nas secreções nasais dos doentes.

Portugal, em estado de emergência até 02 de maio, regista 629 mortos e 18.841 casos confirmados de infeção, segundo o balanço mais recente da Direção-Geral da Saúde.

Das pessoas infetadas, 1.302 estão hospitalizadas, das quais 229 em unidades de cuidados intensivos, havendo 493 pessoas que foram dadas como curadas desde que a covid-19 foi diagnosticada no país, em 02 de março.