A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, diz que não vê problemas na polémica realização das comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República. Na conferência de imprensa sobre a pandemia da Covid-19 desta terça-feira, Graça Freitas destacou que a decisão coube ao Parlamento, que “tomou todas as medidas necessárias e suficientes para cumprir as regras” associadas a eventos deste tipo

Sobre a reunião entre a Direção-Geral da Saúde e a Assembleia da República, Graça Freitas disse que “com grande satisfação das partes envolvidas, sobretudo com grande mérito da AR e dos seus serviços próprios” será possível “assinalar uma data tão importante para o nosso país”. “Essa questão está completamente pacífica e não teve nenhum problema que já não estivesse previsto pelo parlamento, foi apenas um encontro”, concluiu.

Antes, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, tinha falado dos sinais positivos que começam a surgir. “Pela primeira vez, o número de recuperados é superior ao número de óbitos”, disse, acrescentando que “a taxa de letalidade global é de 3,6%”.

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“Desde 1 de março, foram realizados mais de 274 mil testes de diagnóstico, 70% dos quais já no mês de abril”, explicou o governante, acrescentando que Portugal tem vindo a aumentar a intensidade da testagem. Também no que toca ao equipamento de proteção, Portugal continua a aumentar os stocksDe acordo com António Lacerda Sales, serão distribuídos 2 milhões e 300 mil máscaras cirúrgicas para as unidades de saúde na região Norte e 1 milhão e 100 mil nas unidades de saúde na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Onde se vão continuar a multiplicar os testes é nos lares de idosos. “Há neste momento cerca de 300 estruturas residenciais para pessoas idosas com casos de utentes ou profissionais com casos”, disse o secretário de Estado. Nestas instituições, “cerca de 65% dos funcionários já foram testados e continuaremos este trabalho”, acrescentou.

“Complexidade” atrasou aumentos salariais a profissionais de saúde

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, foi questionado sobre a notícia do adiamento para maio dos aumentos salariais dos profissionais de saúde.

Sales falou da “complexidade” da plataforma eletrónica onde são processados os salários e também das características laborais dos profissionais de saúde, que “trabalham 24 horas por dia com sistemas de trabalho complexos, trabalho noturno e trabalho suplementar”.

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O facto de existirem regimes diferentes de trabalho para os profissionais de saúde e de os vencimentos serem pagos ao dia 21, sendo os dados processados até ao dia 14, “não houve grandes condições do ponto de vista técnico dada a complexidade desta matéria para se fazerem as alterações devidas”.

“Lamentamos esta situação, mas desde já que fique claro que esta situação será devidamente regularizada no próximo mês, com retroativos ao dia 1 de janeiro”, assegurou Sales.

O secretário de Estado da Saúde foi ainda questionado sobre a possibilidade de os trabalhadores na linha da frente do combate receberem compensações remuneratórias ou subsídios de risco. Sublinhando que há pessoas a passar dificuldades por esta altura por perda de rendimentos ou de emprego, António Lacerda Sales disse: “Não me parece que seja esta altura própria para se pensar em situações de compensação remuneratória ou subsídios de risco”.

O governante foi também questionado sobre a existência de situações em que doentes com Covid-19 que têm alta se mantêm nas camas dos hospitais por não terem ninguém que os vá buscar. “Não se compreende que algo assim aconteça”, diz Sales, acrescentando que se têm “encontrado algumas soluções ao nível de respostas locais”.

Transferência de migrantes para a Ota não prejudica comunidade envolvente

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, foi também questionada sobre o caso de um hostel de Lisboa em que, entre refugiados e migrantes, foram detetados vários casos de infetados. Graça Freitas disse que “neste momento as pessoas estão realojadas e as instalações estão a ser alvo de um processo de descontaminação e limpeza” e referiu que “as autoridades de saúde” e outras entidades, como a Câmara Municipal de Lisboa, o SEF e Alto Comissariado para os Refugiados estão a trabalhar em conjunto para encontrar soluções “para uma população que é tão vulnerável como esta e que tem de ter um nível de proteção especial”.

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As pessoas em questão foram realojadas para a base aérea da Ota, mas Graça Freitas garantiu que isso não trará nenhum perigo para a comunidade envolvente. “À partida, estas pessoas quando já estão a ser realojadas na Ota já estão a ser realojadas com os devidos cuidados. Nós já sabemos quem são os positivos, quem aguarda testes e quem são os negativos para já”, disse.

“Isto não é um movimentação desordenada para a Ota, antes pelo contrário. Antes pelo contrário, é uma movimentação de pessoas muito controlada por segmentos de risco. E, portanto, de um modo geral, a comunidade envolvente não vai ser afetada por este realojamento destas pessoas para a Ota”, acrescentou Graça Freitas. Ainda assim, sublinhou que as autoridades de saúde vão “ver se houve mais pessoas que tenham tido contactos”.