O Presidente da República, o primeiro-ministro e o secretário-geral da ONU aclamarm o papel do português na cerimónia online do Dia Mundial da Língua Portuguesa, juntando-se a mais de duas dezenas de personalidades lusófonas da política, letras, música ou desporto.

António Guterres considerou a proclamação pela UNESCO do Dia Mundial da Língua Portuguesa, que esta terça-feira se assinala pela primeira vez, como “um justo reconhecimento” da relevância global do idioma.

A proclamação do 5 de maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa é o justo reconhecimento da sua relevância global” disse António Guterres, numa mensagem alusiva à data.

O secretário-geral das Nações Unidas destacou a diversidade e multiculturalidade da língua portuguesa, considerando que esta se enriquece “no dia-a-dia de vários povos de todos os continentes“.

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Assumindo um papel fundamental na mobilização do conhecimento, com uma presença cada vez mais visível em diversas facetas culturais, adicionando valor nas dinâmicas globais da economia, da ciência e das parcerias internacionais, o português é efetivamente uma língua de comunicação global”, disse.

Recordando que, enquanto primeiro-ministro de Portugal, foi um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), António Guterres considerou que a “comunidade que se tem aprofundado e fortalecido”, congregando um número cada vez maior de observadores associados.

A CPLP é também a comunidade das pontes de língua portuguesa. Estou seguro que estas pontes continuaram a ser moldadas nos […] valores do multilateralismo efetivo e que o futuro da língua portuguesa continuará a ser moldado pela diversidade de todas as suas vozes”, disse.

“Força da língua portuguesa é feita do génio de todos os povos lusófonos”, diz Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse também esta terça-feira que a “força comum” da língua portuguesa é feita do génio de todos os povos lusófonos e de ser uma língua de “futuro, viva e diversa”.

Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que a força da “nossa língua comum” é feita do “génio de angolanos, brasileiros, cabo-verdianos, guineenses, moçambicanos, são-tomenses e portugueses, falando há séculos em casa e nas diásporas”.

O chefe de Estado português evocou, neste contexto, grandes nomes das letras da lusofonia, de Camões (Portugal) a Craveirinha (Moçambique), de Jorge Amado (Brasil) a Helder Proença (Guiné-Bissau), de Pepetela (Angola) a Germano Almeida (Cabo Verde), de Fernando Silvan (Timor-Leste) a Alda Espírito Santo (São Tomé e Príncipe).

O chefe de Estado português sublinhou também o potencial de futuro da língua portuguesa, bem como a sua diversidade e dispersão geográfica.

O génio de ser uma língua de futuro, viva, diversa na unidade, que muda no tempo e no espaço, continuando a ser a mesma no essencial”, disse.

Na mensagem, Marcelo Rebelo de Sousa enviou ainda “um abraço muito forte” e “em português” a todos os lusófonos num tempo em que é preciso união “perante um vírus, um inimigo comum”, numa alusão à pandemia da Covid-19.

Primeiro-ministro português destaca língua portuguesa como “instrumento privilegiado” da globalização

Também o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, participou na cerimónia, e considerou o português uma “língua para o futuro” e um “instrumento privilegiado” para a globalização, numa mensagem alusiva ao Dia Mundial da Língua Portuguesa que se assinala pela primeira vez.

Fruto dos descobrimentos, mestiçou-se com outras línguas do mundo, mas é também uma língua para o futuro servindo de instrumento privilegiado para a globalização dos nossos dias”, disse António Costa, notando que é a quarta língua mais falada no mundo.

Citando estimativas de que apontam para que o português atinja 380 milhões de falantes em 2050 e no final do século quase 500 milhões, António Costa destacou o potencial de um idioma hoje falado por mais de 260 milhões de pessoas e língua oficial ou de trabalho de 32 organizações internacionais.

O potencial económico é vasto, assume-se como um fator de competitividade, quer como língua de cultura e conhecimento, quer como língua de política e de negócios, quer ainda como importante veículo na internet e nas redes sociais”, destacou.

Para António Costa, “a dispersão geográfica da lusofonia, a diversidade cultural dos seus povos e a complementaridade das suas economias constitui uma força” num espaço onde a língua portuguesa “serve de ponte entre continentes”.

A língua portuguesa é hoje a pátria de muitas pátrias porque é em português que se entendem e cooperam os países que a tem como idioma oficial”, disse.

Dia Mundial da Língua Portuguesa deve ser “chamada de atenção”, lembra Embaixador na UNESCO

O embaixador de Portugal na UNESCO, António Sampaio da Nóvoa, afirmou esta terça-feira que o Dia Mundial da Língua Portuguesa deve servir para “chamar a atenção” de que é preciso fazer mais pela promoção e projeção internacional do português.

Podemos olhar para os dias mundiais como algo que é meramente simbólico ou podemos olhar para estes dias como um elemento que nos traz uma responsabilidade acrescida. Este dia é uma chamada de atenção de que precisamos fazer mais pela promoção e projeção internacional da língua portuguesa”, afirmou hoje António Sampaio da Nóvoa, em declarações à Agência Lusa.

Sem possibilidade de celebrações na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em Paris, devido à Covid-19, o diplomata português lembrou que o primeiro Dia Mundial da Língua Portuguesa está a ser celebrado esta terça-feira em todo o Mundo.

É essencial lembrar que a UNESCO e as Nações Unidas reconheceram o português como língua global, como grande língua da comunicação mundial, e é importante lembrar que apesar de não haver as tradicionais celebrações em espaços físicos, está a haver uma quantidade impressionante de iniciativas em todo o Mundo”, disse o antigo reitor da Universidade de Lisboa.

Este dia mundial foi reconhecido pela UNESCO no final do ano passado e entrou assim nos calendários oficiais das mais diversas organizações, apesar de antes já ser assinalado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e todos os países lusófonos. As mensagens e celebrações alternativas têm chegado de todo o mundo lusófono com manifestações no Brasil, Angola, Cabo Verde ou Timor.

Para o ano, a esperança é que o português se aproxime cada vez mais do estatuto de língua oficial das Nações Unidas, embora o embaixador reconheça que esse é um processo que pode levar mais tempo.

Claro que temos esse objetivo [que a língua portuguesa seja língua oficial das Nações Unidas]. Não será para o próximo ano, será daqui a alguns anos. […] É um caminho que vai demorar o seu tempo, mas é um caminho que este dia mundial ajudou muito a consolidar”, concluiu o diplomata.

O regresso às reuniões físicas na sede da UNESCO pode acontecer já no final de junho, com uma reunião do Conselho Executivo, mas esta medida, tal como o regresso físico ao trabalho desta organização internacional, está condicionado pelas medidas de segurança impostas pelo Governo francês.

Apesar da Covid-19, António Sampaio da Nóvoa considera que a organização está “mais ativa do que há um ano” e que tem sabido responder à urgência da pandemia nos domínios científico, cultural e da educação.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) declarou, em novembro do ano passado, 5 de maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa, mediante proposta de todos os países lusófonos apoiada por mais 24 Estados, incluindo países como a Argentina, Chile, Geórgia, Luxemburgo ou Uruguai.

O português é falado por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes, ou seja, 3,7% da população mundial.

É língua oficial dos nove países-membros da CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) e Macau, bem como língua de trabalho ou oficial de um conjunto de organizações internacionais como a União Europeia, União Africana ou o Mercosul.